Riscos climáticos e vulnerabilidade de plantios florestais comerciais no Brasil sob condições climáticas atuais e futuras
susceptibilidade; monocultura; plantio florestal; medidas de adaptação; ODS13
As florestas plantadas são responsáveis por mais de 1/3 da produção mundial de madeira, com destaque para o Brasil, onde, somente em 2024, o setor movimentou ~US$15,7 bilhões, consolidando o país como o maior exportador de celulose do mundo. Tradicionalmente, essa produção tem sido dominada por espécies exóticas, como Pinus spp., com interesse crescente por espécies mais rentáveis e com maior valor agregado, como a teca (Tectona grandis L.f.), mogno brasileiro (Swietenia macrophylla King) e mogno africano (Khaya spp.). Mesmo com avanços no manejo e silvicultura, o volume de produção e a qualidade da madeira dessas espécies poderão ser impactadas pelas projeções climáticas. Esta dissertação investiga os riscos e vulnerabilidades de plantios comerciais de pinus, teca e mogno no Brasil, por meio do desenvolvimento e aplicação de ~36 indicadores específicos sob condições climáticas atuais e futuras. Para atingir esse objetivo, foram utilizados dados diários de temperatura mínima (Tasmin, °C), média (Tas, °C) e máxima (Tasmax, °C) do ar próximo à superfície, precipitação (Pr; mm dia-1), umidade relativa (Hurs; %) e radiação solar global (Rsds; MJ m−2 dia−1) provenientes de dezesseis modelos climáticos (MCGs) do NASA Earth Exchange Global Daily Downscaled Projection (NEX-GDDP-CMIP6). Neste estudo, todos os indicadores de riscos desenvolvidos foram simulados para o período base (PB; 1995-2014) e projetados para o futuro próximo (FP; 2041-2060) e distante (FD; 2081-2100) sob dois cenários socioeconômicos (SSP3-7.0 e SSP5-8.5). Até o final do século XXI, os maiores riscos para o pinus no Brasil (em ordem de severidade) serão: quebra de produtividade por deficiência hídrica (~ 84% da área), seca de ponteiros (~ 66%), estresse por temperaturas basais (~ 64%), queima de acículas por Calonectria pteridis (~ 53%), estresse por deficiência hídrica (~ 45%) e vespa da madeira (~ 25%). Para a teca, serão o estresse por temperaturas basais (~ 98%), quebra de produtividade por deficiência hídrica (~88%) e a incidência de cancro (~53%). Já as espécies de mogno apresentarão maior vulnerabilidade a estresses térmicos, sobretudo associados às temperaturas basais (~89%) e máximas (~80%).