O número de barragens de mineração em todo o mundo tem aumentado, como reflexo do crescimento da demanda e dos avanços tecnológicos, que por sua vez, têm gerado rejeitos com mais rapidez. O aumento do volume do rejeito exige alternativas de armazenamento, seja a céu aberto, subterrânea ou subaquática. O foco, no entanto, se dá à disposição a céu aberto, mais especificamente em reservatórios de barragem de terra. Esse tipo de estrutura passa por rigorosos controles de segurança, não obstante, dois grandes acidentes no Brasil fizeram com que esse tipo de estrutura ganhasse visibilidade e houvesse perda de confiabilidade da população que mora a jusante. As legislações brasileiras passaram por reformulações e passaram a exigir a caracterização geotécnica e reológica do rejeito armazenado, com o objetivo de elaborar planos de ação que garantam a segurança de todos os envolvidos em caso de colapso de uma barragem. As definições de quais parâmetros adotar não estão totalmente findadas na literatura. Apesar de antiga, a reologia é um tema que passou a ser mais explorado atualmente. Diante do exposto, foram realizadas modelagens numéricas bidimensionais pelo software RiverFlow 2D para um caso de ruptura hipotética de barragem de rejeitos que atende às regras da legislação vigente. Nas modelagens, utilizou-se valores reais obtidos em ensaios de caracterização reológica de duas amostras de rejeito de minério de ferro, retiradas de um reservatório. Todos os cenários foram elaborados com dados de entrada idênticos no modelo numérico, alterando apenas os parâmetros reológicos obtidos a partir da definição da concentração volumétrica (CV). Os resultados mostraram diferenças a partir dos modelos com 30% de CV. As diferenças entre as velocidades, profundidades e tempos de chegada da onda, além das áreas de inundação, evidenciando a influência da concentração de sólidos e das propriedades reológicas na dinâmica do escoamento. Ademais, ficou evidenciada a interferência dos parâmetros reológicos entre as duas amostras nos resultados apresentados, mostrando que apenas duas amostras não foram suficientes para esse estudo. Essa constatação sugere a necessidade de se definir critérios mais detalhados para a caracterização reológica do rejeito em estudos de ruptura hipotética de barragem. Além disso, é possível observar que o tema ainda carece de mais estudos e pesquisas, tendo em vista as inúmeras incertezas, variáveis, impactos sociais e ambientais envolvidos.

A crescente incidência de deslizamentos de terra tem gerado impactos socioambientais significativos, resultando em danos a edificações e até mesmo em perdas de vidas humanas. Com as mudanças climática, as chuvas estão se tornando cada vez mais intensas e frequentes, fatores esses que potencializam a ocorrência de deslizamentos de terra. Por isso, é de extrema importância o planejamento de obras de contenção de encostas, juntamente com um sistema de drenagem eficiente, para a criação de sistemas de gestão de riscos de acidentes. Com o objetivo de prevenir acidentes relacionados a movimentação de massa, o presente trabalho propõe uma solução técnica para a estabilização de um talude degradado, que apresenta risco de desmoronamento e atingimento a população, situado no bairro Vila Isabel da cidade de Itajubá-MG. Para formular a proposta de estabilização do talude, foi necessário realizar uma caracterização topográfica detalhada do local, seguida pela determinação dos parâmetros do solo. Posteriormente, foram conduzidas análises de estabilidade utilizando o software Slope/W. Diversas propostas de retaludamento foram avaliadas, variando as proporções de inclinação de corte, e cada perfil modificado foi submetido a uma análise de estabilidade. O objetivo era encontrar uma solução que atendesse ao fator de segurança admissível recomendado pela NBR 11682 (ABNT, 2009), garantindo a segurança do talude. Após essas análises detalhadas, identificou-se que o perfil ideal para a estabilização apresentava a proporção 1:2, alcançando um fator de segurança de 1,40. Com base nesses resultados, foi desenvolvido um projeto básico de retaludamento, que incluiu o detalhamento da terraplenagem, medidas de proteção superficial, projeto de um sistema de drenagem e orçamento de execução da obra. Ao término deste estudo, o projeto básico desenvolvido serviu como fundamento para a solicitação de recursos financeiros ao governo estadual, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Esses recursos serão destinados à elaboração de um projeto executivo visando à recuperação da área degradada, com o intuito de prevenir potenciais perdas materiais e humanas nas proximidades do talude.

A universalização do saneamento é fundamental para diminuir a poluição ambiental, as
desigualdades sociais e para melhoria da saúde pública, e está incluso dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ONU em seu 6° objetivo: Água potável e saneamento (ONU,
2023). O Brasil apresenta atualmente um cenário aquém do ideal, com aproximadamente 38
milhões de brasileiros sem acesso a água de qualidade, e 48,8% de todo o esgoto gerado no
país, descartado diretamente nos corpos receptores (SNIS,2022). Além disso, segundo o SNIS (2022), diversos estados, apresentam insustentabilidade financeira na prestação dos serviços de água e esgoto, o que impede o investimento no setor e por consequência, inibe a expansão dos serviços. Diante dos desafios para se alcançar a universalização dos serviços de água e esgoto, no que tange as metas estabelecidas no Marco Legal do Saneamento, o presente estudo, visa estimar o investimento necessário para esses serviços, no Estado de Minas Gerais, por meio de informações obtidas no banco de dados do Sistema Nacional de Saneamento (SNIS, 2022), e da Nota Técnica SNSA n°492/2010_RESUMO_01/2011. As análises se limitaram a informações e indicadores técnicos e financeiros fornecidos pelo SNIS referente ao ano de 2021. Por fim, os resultados obtidos, evidenciaram que o cenário atual do estado de Minas Gerais encontra-se aquém de um cenário universalizado, principalmente no que se refere ao sistema de esgotamento sanitário e sustentabilidade financeira da prestação dos serviços. Nesse sentido, o investimento total para se alcançar a universalização dos serviços de água e esgoto até o ano de 2033 em Minas Gerais, foi estimado em R$ 51,99 bilhões, sendo R$ 21,9 bilhões em abastecimento de água e R$ 30,1 bilhões em esgotamento sanitário. A metodologia resultou em valores condizentes com outros trabalhos, e foi capaz de
representar a heterogeneidade do estado de Minas Gerais, ao realizar a estimativa de
investimento de forma segregada de acordo com a divisão mesorregional do estado. Por fim, serão muitos os benefícios que esses resultados trarão para o saneamento no Brasil, uma vez que poderão ser utilizados como referência técnica para estimativas de investimento do setor em casos de escassez de informações, ou como material comparativo para validação de outras metodologias.

As técnicas de baixo impacto (ou LID) são medidas que buscam a conservação e permeabilidade do solo ao associar os aspectos da natureza junto ao meio já urbanizado. Os processos de infiltração ou retenção dessas práticas contribuem para a redução de alagamentos. Nesse sentido, este estudo pretende avaliar, por meio de modelagem no software SWMM, a efetividade de aplicação dessas medidas na redução de alagamentos recorrentes na região central do município de Caxambu-MG. Para subsidiar a modelagem, foi determinada a chuva de projeto estimada por meio da análise de frequências de chuvas, ajustadas por funções de probabilidade e submetidas a testes de aderência pelo software ALEA. As precipitações diárias foram discretizadas pelo método de isozonas e distribuídas temporalmente pelo método de Huff 1º Quartil com probabilidade de excedência de 50%. O escoamento superficial foi estimado pelo método de onda dinâmica para transporte hidráulico e método CN-SCS para perdas de infiltração. A partir de dados característicos do local, obtidos por mapa de solo e levantamento aéreo por drone, foi modelado o cenário zero que representa a bacia com suas configurações atuais. Com a determinação da chuva crítica, foi realizada a calibração do cenário zero para tempo de retorno (TR) de 1 ano baseada no Curve Number, no coeficiente de Manning, parâmetros de armazenamento em depressão e dados de observação via ciência cidadã. Configurando-se como cenário referência, o cenário zero foi comparado aos dois cenários propostos, com implantação de técnicas LID nas proporções de 5,20% (Cenário 01 – Pavimentos permeáveis, jardim de chuva e telhados verdes em 50% das edificações com áreas) e 9,27% (Cenário 02 - Pavimentos permeáveis, trincheira e poço de infiltração, telhados verdes em 100% das edificações). Em geral, as técnicas LID contribuíram para redução da vazão a uma taxa média de 32,55% considerando 9,27% de inserção de LID na bacia. Na mesma proporção de LID, foi alcançado o desempenho hidráulico na redução do volume de escoamento à taxa média de 43,52%. Em geral, as técnicas LID avaliadas apresentaram bom desempenho para atuarem submetidas aos eventos de chuva de baixa intensidade (TR até 10 anos).

As alterações globais do clima são resultado de interferências naturais e influência da atividade humana, e seus efeitos têm se tornado cada dia mais evidentes. O combate à ideia de abundância que sustentou, durante muito tempo, a cultura do desperdício da água, sua pouca valorização como recurso e o adiamento dos investimentos necessários à otimização de seu uso, é um tema inadiável. As projeções atuais indicam importantes mudanças na distribuição temporal e espacial dos recursos hídricos e um aumento significativo na frequência e intensidade dos desastres acentuam essa pressão, evidenciando a necessidade de planos mitigatórios para garantir o uso sustentável dos recursos hídricos. Neste sentido, ressalta-se a importância do papel do Estado (União, Estados e Municípios) como principal gestor das políticas públicas que envolvem segurança e disponibilidade de recursos hídricos. As tendências mostradas nos cenários estudados nos diversos modelos devem ser consideradas pelos tomadores de decisão, avaliando o impacto nas vazões dos corpos d'água e a disponibilidade hídrica, para aplicação de ferramentas de gestão e definição de planos de ação que possibilitem adaptação e atenuação dos impactos. Desta forma, a bacia hidrográfica do rio Santo Antônio foi modelada com auxílio do Modelo Hidrológico de Grandes Bacias (MGB-IPH), buscando compreender a influência climática de projeções do CMIP6, aplicando os cenários de emissão de gases do efeito estufa SSP2-4.5 e SSP5-8.5. Neste contexto o trabalho teve como objetivo o ajuste do modelo a bacia e, com as simulações, compreender quais as tendências quanto à disponibilidade hídrica futura, períodos de 2021 a 2060 e 2061 a 2100. Desta forma, o modelo foi calibrado para cada uma das sete sub-bacias, analisando as três funções objetivos e a aderência entre as vazões observadas e aquelas geradas pelo modelo. De maneira geral, os resultados foram satisfatórios, obtendo bons ajustes, exceto a calibração da sub-bacia localizada a jusante de uma usina hidrelétrica, fato compreensíveis e inerente aos modelos hidrológicos existentes. Com as séries de vazões projetadas para as sub-bacias, curvas de permanência foram elaboradas e avaliadas, assim como a variação da Q95, utilizada como vazão característica para representação de disponibilidade hídrica. Assim, de forma geral, os modelos sugerem reduções de vazão em toda a bacia, para qualquer cenário ou período.

Embora classificada como fonte de geração de energia limpa, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), vêm perdendo competitividade frente a outras fontes renováveis no Brasil, por questões técnicas, ambientais, regulatórias e econômicas. Com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento e reforçar a inserção de PCH, com o desenvolvimento econômico, diversificação da matriz elétrica e aumento da segurança energética do país, esta pesquisa foi desenvolvida, procurando aliar os conhecimentos adquiridos sobre esta fonte a uma metodologia, o Balanced Scorecard (BSC), buscando a sua adaptação para utilização como uma ferramenta de avaliação estratégica de viabilidade de projetos de PCH em desenvolvimento, desde a fase de prospecção até a fase de pré-implantação. O BSC é um sistema de gerenciamento utilizado para medição do desempenho organizacional, desenvolvido na década de 90 e amplamente aplicado até os dias de hoje, estruturado em torno de quatro perspectivas (a financeira, do cliente, dos processos internos e da aprendizagem e crescimento), subdivididas em indicadores de desempenho financeiros e não financeiros, que analisam as organizações primando pelo aumento do desempenho geral. A contribuição mais importante desta pesquisa para a literatura está relacionada com a sua originalidade, pois na revisão bibliográfica identificou-se apenas uma pesquisa similar, voltada à análise de viabilidade estratégica de Mini e Micro Centrais Hidrelétricas a serem implantadas em sistemas isolados. Os principais objetivos desta pesquisa foram (i) a estruturação de um Mapa Estratégico da fonte PCH, composto pelas Perspectivas Econômica, Socioambiental, Institucional e Técnica, em adaptação às quatro perspectivas do BSC, com os Indicadores de Desempenho necessários à avaliação estratégica de PCH, e (ii) o desenvolvimento de um Programa Computacional, por meio do software Microsoft Office EXCEL®, de fácil utilização, que permita, após a inserção de todos os dados demandados referentes a PCH em análise, a visualização dos resultados por Indicadores de Desempenho, por Perspectivas e o Desempenho Geral da PCH em análise, com destaque para aqueles indicadores ou perspectivas que estejam prejudicando a viabilidade estratégica do projeto. Para a melhor adaptação do BSC para a avaliação estratégica de PCH, os trabalhos foram desenvolvidos com o apoio de um grupo de especialistas, com larga experiência no desenvolvimento de projetos de PCH no Brasil e para a correta aferição dos resultados das planilhas de cálculos do programa elaborado, foram realizados estudos de caso da aplicação desta adaptação do BSC em projetos reais de PCH, de forma a permitir a estruturação de um programa consistente. Enfim, foi realizada uma abordagem metodológica para analisar os resultados obtidos por meio dos indicadores de desempenho selecionados e sua real aplicabilidade para tomada de decisões estratégicas objetivando a melhoria das características técnicas e dos processos para a melhoria contínua do desempenho das PCH. Comenta-se que (i) a adaptação da metodologia do BSC para a avaliação estratégica de viabilidade de PCH foi realizada; e (ii) o programa computacional desenvolvido, apresentou robustez e eficácia na análise de PCH, mesmo com diferentes características técnicas, características vinculadas ao meio ambiente e estágios de desenvolvimento. Por fim, destaca-se que a avaliação estratégica da viabilidade de empreendimentos de PCH proposta nesta pesquisa não tem por finalidade discernir sobre a viabilidade econômico-financeira de PCH, mas sim o de permitir uma análise mais abrangente da PCH e de seu processo de desenvolvimento como um todo, objetivando auxiliar o tomador de decisões, indicando os pontos positivos e as fragilidades do projeto em avaliação, possibilitando o melhor conhecimento do ativo e das áreas do desenvolvimento que merecem maior atenção, para melhoria de seu desempenho.

O crescimento populacional, somado a urbanização desordenada, a infraestrutura precária dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, a poluição dos corpos d’água, bem como as mudanças climáticas, resultam na escassez dos recursos hídricos. O reuso de água para fins não potáveis desponta como uma das soluções sustentáveis para a combater a escassez hídrica, pois promove a economia no consumo de água potável e a redução da poluição das águas. Porém, o sistema de reuso de água não potável ainda é uma prática pouco utilizada no Brasil e, apesar de suas vantagens, há poucos estudos que verificam seu impacto econômico e ambiental na execução de uma edificação. O objetivo deste trabalho foi analisar a viabilidade técnica, econômica e ambiental da implantação do sistema de reuso de água para fins não potáveis em uma edificação multifamiliar. Como estudo de caso, foi dimensionado o sistema de reuso de água cinza e pluvial para os usos não potáveis previstos na NBR 16.783 (ABNT, 2019) para uma edificação multifamiliar de 7 pavimentos com 2 apartamentos tipo por andar. Foram levantados os custos para a construção do empreendimento convencional e comparado com os custos da edificação dotada do sistema de reuso. Com isto foi determinado qual o impacto econômico no custo e no preço de venda da edificação com a implantação da rede dupla de abastecimento de água e coleta de efluentes, da estação de tratamento de água cinza, do reservatório de água de chuva e do sistema de bombeamento. Também foi avaliado o impacto no preço de venda do empreendimento por meio da inclusão de uma variável de valorização ambiental do empreendimento, obtida por meio de pesquisas bibliográficas. O retorno do investimento do proprietário em uma edificação sustentável foi calculado por meio do payback e valor presente líquido com a economia na conta de água. O custo do empreendimento convencional foi de R$ 5.289.471,32. Para implantação do sistema de reuso de água cinza seria necessário aumentar o custo de obra em 2,1% e, para o aproveitamento de água de chuva, 0,94%. O lucro para construtora foi 1,56% a mais para reuso de água cinza e 0,7% a mais para aproveitamento de água pluvial. Contudo o payback do investimento para o apartamento tipo foi de 13,18 anos para reuso de água cinza e 59,15 para aproveitamento de água pluvial. E o VPL para o apartamento tipo foi de -R$ 3.795,97 para reuso de água cinza e -R$ 3.256,39 para aproveitamento de água pluvial. A viabilidade técnica e ambiental da implantação dos sistemas de reuso de água foram comprovadas através das vantagens apresentadas, da facilidade de execução e da valorização ambiental trazida a empreendimentos com estes sistemas. Porém, economicamente, a implantação dos sistemas de reuso de água no empreendimento em questão só foi viável para a construtora, que possui um lucro maior com as vendas dos apartamentos com este sistema implantado. Para o proprietário do apartamento, o investimento no sistema de reuso de água não potável não foi viável economicamente, uma vez que gerou períodos de retorno altos para o investimento e valores de VPL negativos.

Os sistemas de abastecimento de água são estruturas complexas compostas basicamente
de captação de água, adução, tratamento, reservação e distribuição, esta última formada por
redes de distribuição de água. As perdas reais e aparentes ocorrem ao longo de toda a estrutura,
com destaque as redes de distribuição de água que devido a quantidade de conexões provocam
as maiores perdas. Alguns procedimentos e protocolos são feitos no sentido de mitigar o
problema, mas estes podem ser aprimorados. Nesta direção o objetivo deste trabalho é de propor
um protocolo para auxiliar no controle de perdas em sistemas de distribuição de água, sendo
considerado um sistema fictício de médio porte. Para esta finalidade serão vencidas as etapas
em síntese de: diagnostico do sistema e coligação de dados, avaliação de metodologias
existentes e proposição de protocolo para esta finalidade. Os resultados demonstram que o
protocolo tem um potencial de contribuição importante para melhorar a eficiência hídrica e
energética em sistemas hídricos, como é o caso das redes de distribuição de água.

O planejamento e controle de uso, do parcelamento e da ocupação urbana, são competências do poder público municipal uma vez que a ausência dessas ações pode resultar em sérios impactos socioambientais no processo de urbanização. Diante dessa problemática envolvendo a urbanização com a questão socioambiental, o presente estudo consistiu em utilizar ferramentas de geoprocessamento e Sistema de Informações Geográficas (SIG) para identificar áreas aptas à expansão urbana no município de Lagoa Dourada (MG). Com o emprego do software QGIS, um Sistema de Informação Geográfica (SIG) de código aberto, e de dados espaciais disponibilizados gratuitamente em plataformas de acesso público, foi realizada a delimitação da área de interesse, a comparação e correção dos dados da rede de drenagem, geração das áreas de preservação dos recursos hídricos e delimitação das rodovias e faixa de servidão e faixa não edificável das rodovias. O método Analytic Hierarchy Process (AHP) foi utilizado neste estudo, onde foi definida a pontuação e os pesos das variáveis para a atribuição de importância por meio de uma escala de comparação entre os critérios. No estudo, foram utilizadas 13 variáveis de relevância ambiental e 5 para o aspecto construtivo da aptidão à urbanização, sendo avaliadas de forma independente para obter os pesos no método AHP. Assim, os valores de razão de consistência foram de 3,5% para os pesos das variáveis de relevância ambiental e de 4,60% os pesos das variáveis de interesse construtivo, o que confere aceitabilidade dos valores dos pesos obtidos (menor que 10%), segundo o método AHP. Após definidas as pontuações conforme as tipologias de cada variável, bem como o respectivo peso da mesma, comparando com as demais variáveis de cada categoria, foi proposta uma equação para delimitar as áreas aptas a urbanização. Deste modo, a área de interesse para urbanização no município de Lagoa Dourada possui 3.288,05 hectares (ha), sendo que 75,19% apresentou alta aptidão urbanização (2.472,19 ha), 15,16% com média aptidão (498,59 ha), 4,46% da área com muito alta aptidão (146,64 ha), 3,41% apresentou baixa aptidão (112,17 ha), e por último, apenas 0,03% apresentou muito baixa aptidão à urbanização (0,91 ha). A únicas áreas que receberam a pontuação de 0, inaptas para a urbanização, foram as regiões situas nas faixas de servidão e faixa não edificável das rodovias, representando 1,75% da área de interesse para urbanização (57,54 ha). A comprovação da aplicabilidade da metodologia e sua validação ocorreu com o acompanhamento da urbanização no município por meio de imagens históricas do Google Earth e loteamentos em construção, cujos locais ocorreram nas regiões mais aptas para esse fim.

Diante do cenário atual no qual a matriz elétrica brasileira ainda é extremamente dependente da geração em hidrelétrica, cerca de 61,9 % da energia gerada em 2022, torna importante ações que visem aumentar a disponibilidade das UG (unidades geradoras), bem como aumento de eficiência, sendo fundamental o investimento no controle e monitoramento de vibrações. Portanto, esse trabalho visa contribuir para o avanço do conhecimento no campo acerca do tema análise de vibrações aplicada à investigação de falhas em UG. O foco central é utilizar de técnicas de análise de vibrações como ferramenta para a investigação de falhas de natureza mecânica em Hidrelétricas. As vibrações podem ser oriundas de defeitos mecânicos, elétricos, além das excitações hidráulicas que resultam em diferentes modos de excitação impactando diretamente na disponibilidade das máquinas comprometendo assim a geração. Com base nisso, é abordado técnicas de processamento de sinais, os principais instrumentos utilizados no monitoramento de vibrações e as falhas mais comuns em Unidades Geradoras. Neste trabalho, as principais falhas mecânicas que resultam em vibrações são abordadas de forma detalhada, trazendo ainda o comportamento característico da máquina e a forma de interpretação do defeito face ao espectro de vibração. Também são especificados, de forma minuciosa, os equipamentos utilizados para os ensaios, as configurações e inputs do SDAV (sistema digital de análise de vibração) para coleta de dados, além de todo o procedimento realizado para o balanceamento da máquina em estudo. Os resultados da aquisição dos dados de vibração da UG analisada e que constituiu no estudo de caso deste trabalho, indicaram inicialmente um desbalanceamento severo com uma amplitude de 5,07 mm/s, bem acima do permitido pela norma NRB 10.816. Posteriormente ao balanceamento na qual a UG foi submetida, pode-se observar uma significativa melhora no que diz respeito a vibração, atingindo níveis de 1,48 mm/s, propiciando que a máquina trabalhe dentro do limite da zona A, onde define uma tolerância de até 1,6 mm/s para essa faixa. Por fim, fica a importância do trabalho para o apoio na investigação de defeitos através da análise de vibração em máquinas, realizando uma abordagem preditiva de modo a evitar grandes paradas para manutenção corretiva e prejuízos com quebra de equipamentos. Neste estudo, destacamos que a aplicação de um dispositivo portátil de custo acessível demonstra eficácia na coleta e análise de dados de vibração. Concluímos que é essencial realizar o monitoramento preventivo de vibração em Unidades Geradoras, a fim de promover a segurança operacional.

A corrosão é um problema mundial, que implica em custos em países industrializados da ordem de até 4.5% do PIB, com impactos não somente econômicos, mas também sociais e ao meio ambiente. No caso do Brasil, o desperdício de redes de abastecimento de água devido à perda por vazamentos é bastante significativo e boa parte se dá por degradação da rede indicando que o controle da corrosão deve ser promovido sempre que possível. Este estudo propõe um sistema de monitoramento de corrosão, em sistema sujeito a uso de inibidor, com a abordagem de técnica passiva de monitoramento de corrosão por ruído eletroquímico (electrochemical noise - EN), na qual é feita a classificação de eventos em sensor de corrosão por EN como parte de estudo de metodologia para sistema de monitoramento de integridade (ou “saúde”) estrutural (structural health monitoring - SHM). Pela sua natureza bastante dinâmica e estocástica do sinal, este estudo e análise de medição de EN (EN measurements - ENM) considera características numéricas e gráficas de dois sistemas de corrosão ambos em solução aquosa salina: aço carbono e aço inox. Esses experimentos são repetidos para acumular dados, que permitem gerar diversos gráficos em domínios de tempo e frequência, dos quais é extraída pelo menos uma característica, que tenha boa correlação com dados físicos do processo de corrosão. A seguir, baseado em sistema de aprendizado de máquina supervisionado, os dados de treinamento permitem calibrar o modelo. A partir dos dados de teste, verifica-se a taxa de acerto do modelo acima de 50%.

O Laboratório Hidromecânico Didático Científico - LHDC é um laboratório multifuncional onde podem ser realizados diversos tipos de experimentos, tais como ensaio de bomba, ensaios de campo de funcionamento e recepção de turbinas, dentre outros. Por possuir instrumentação analógica, motivou-se a fazer este trabalho para o Mestrado Profissional em Engenharia Hídrica tendo como proposta a modernização do Laboratório Hidromecânico Didático Científico e elaboração de um programa de supervisão e aquisição de dados digitais, utilizado o software LabView, que trabalhará em paralelo a medições feitas manualmente. Elaborou-se um estudo para implementação permanente de sensores eletrônicos permitindo a obtenção de dados referentes às pressões, vazões, níveis, temperaturas, velocidades, rotações, posições e potências elétricas, bem como estudo para implementação de equipamentos para acionamento e operação de equipamentos como bomba e válvulas. Com o desenvolvimento do programa computacional e com a modernização do LHDC, será possível agilizar os ensaios, diminuir o tempo de execução de experimentos e proporcionar dados mais precisos e confiáveis para os diversos ensaios, bem como na montagem de uma série de ensaios possíveis em pesquisa científica e projetos de extensão.

O concreto autoadensável (CAA) é um tipo de concreto inovador que não requer vibração para compactação, sendo considerado no ramo da construção civil uma das grandes inovações do setor nas últimas décadas. Em grandes obras de concreto, como barragens e usinas hidrelétricas, um dos problemas está no controle de fissuração de origem térmica, devido ao calor de hidratação que tem origem principalmente durante o processo de cura do concreto. Dentre as alternativas para mitigar manifestações patológicas estão os polímeros superabsorventes (SAP) que mostram-se promissores no ramo da engenharia quando adicionados em compositos cimentícios. Este trabalho tem como objetivo analisar a adição de SAP como elemento de cura interna em argamassas autoadensáveis (AAA), bem como suas características mecânicas, térmicas, tendo em vista a obtenção de uma proporção ideal dos materiais, de forma que sirva de base para execução de concretos autoadensáveis, com foco em estruturas com grande volume. Além disto, este trabalho apresenta uma análise bibliométrica nas bases de dados da Scopus e Web of Science acerca do mesmo do tema, com o objetivo de facilitar a localização de estudos relevantes para futuras pesquisas nessa área. Nesta análise obteve-se os dados de quantidade de publicações, principais autores e periódicos, palavras-chave mais usadas e países que mais publicam além de análises de acoplamento bibliográfico e cocitação. No programa experimental, foram executados ensaios laboratoriais com AAAs com 0; 0,1 e 0,2% de adição de SAP, tanto para CPII-E-32 quanto CPV-ARI e parte das amostras passaram por uma cura submersa, enquanto outra parte passou por uma cura seca. Dentre os resultados obtidos em laboratório, destaca-se a redução de variação de temperatura dos traços com adição de SAP, onde é possível supor uma possível forma de mitigação dos picos de temperatura em peças de concreto com grandes volumes. Em contrapartida, os ensaios de compressão e tração indicaram perdas de resistência das argamassas, com excessão do ensaio de tração feita para CPII-E-32, onde se obteve um acrescimo na resistência com a incorporação do SAP na mistura.

Os sistemas de abastecimento de água no Brasil apresentam constantes eventos de desabastecimento, o que propicia a formação de bolsões de ar na rede. No momento em que as redes são colocadas para operar, esses bolsões de ar são conduzidos para os ramais de distribuição e passam pelos hidrômetros. Isso faz com que os hidrômetros contabilizem o ar como água aumentando a conta dos consumidores, o que tem motivado demandas judiciais contra as empresas de serviço de saneamento. Este trabalho apresenta um levantamento da eficiência de equipamentos eliminadores de ar, projetados para serem instalados em cavaletes de abastecimento de água. Dado a importância do assunto, este trabalho busca analisar a eficiência de dispositivos de eliminação de ar frente a ensaios em bancada que visaram a reproduzir situações de operação do dispositivo em campo. Tais ensaios contemplam pressões entre 10 e 50 m.c.a, pressões essas que visam a reproduzir as pressões máxima e mínima da rede de abastecimento estabelecidos na norma ABNT NBR 12218 (ABNT, 2017a). Para cada nível de pressão, os dispositivos foram ensaiados com vazões de 0,18 m3/h, 0,25 m3/h, 0,50 m3/h, 0,75 m3/h, 1,00 m3/h, 1,25 m3/h e 1,50 m3/h. As hipóteses de operação contempladas foram a de abastecimento de água, após o esvaziamento da rede e de ar diluído no escoamento. Os resultados obtidos nos experimentos com retorno de água após um período de desabastecimento do sistema apresentaram valores de rendimento que estão diretamente ligados aos requisitos de pressão e vazão. Por meio da análise dos dados, é possível identificar faixas de pressão e vazão nas quais o equipamento apresenta seu melhor rendimento, e ainda entender seu comportamento dentro de outros cenários de operação. Os ensaios de ar diluído (bifásico) demostraram que os equipamentos analisados não conseguem eliminar o ar nessa condição, deixando que as bolhas diluídas passem pelos hidrômetros.

A geração hidrelétrica é fundamental para a matriz energética brasileira. Durante o processo de estudo do potencial hidráulico, um dos passos a ser seguido é o estudo de transposição dos dados de vazão entre os postos fluviométricos. Segundo o manual da Eletrobrás(2000), para que tal estudo seja realizado é recomendado que os postos envolvidos, dentre outros critérios, estejam em uma mesma bacia hidrográfica, preferencialmente no mesmo rio e possuam entre eles uma relação de área de drenagem que esteja em uma proporção entre 0,25 e 4. Com base nessas informações, o objetivo do presente trabalho é avaliar o impacto dessa relação entre as áreas de drenagem, sobre o potencial energético e econômico de um sitio hidrelétrico. No estudo foram utilizados dados de três conjuntos de postos fluviométricos em diferentes bacias hidrográficas, para os quais foram realizados estudos econômicos e energéticos, obtidos pelos critérios do máximo benefício líquido, LCOE e Potência Ótima, para postos existentes em um determinado local pré-estabelecido. Também, os resultados obtidos foram comparados a partir da metodologia de transposição de dados de vazão. Os resultados encontrados e aqui expostos permitiram a observação da dificuldade de se encontrar um padrão para os desvios encontrados, dado que parâmetros como a relação de áreas entre os postos pouco influenciaram seu comportamento. Contudo, muitos desvios bastante elevados foram identificados, o que indica que a metodologia de transposição pode ser causa de erros na prospecção de potencial energético e previsão de viabilidade econômica de centrais hidrelétricas.

Em municípios de pequeno porte, o Sistema de Abastecimento de Água (SAA) tem grandes desafios, pois, na maioria das vezes, há falta de recursos financeiros e pouca qualificação profissional para operar o sistema. Este trabalho objetiva avaliar o sistema de abastecimento de água de um município de pequeno porte, com foco na qualidade da água distribuída, e propor melhorias, tendo como estudo de caso o município de Conceição das Pedras/MG. Para tanto, foi realizado levantamento de informações por meio de dados técnicos, visitas a campo, indicadores do SNIS e percepção dos usuários. Após a coleta, todas as informações foram analisadas para obter o diagnóstico técnico-participativo do SAA em questão. No diagnóstico, foram identificadas algumas fragilidades, como alto índice de consumo per capita, falta de micro e macromedição e problemas nas análises da qualidade da água. Frente às fragilidades, as propostas melhorias para o sistema envolveram quatro programas (Elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, Redução do Consumo de Água, Melhorias na Qualidade da Água e Gestão Ambiental) e para cada um deles foram elencadas ações de curto, médio e longo prazo. É importante que os programas e ações sejam implementados para garantir um SAA mais eficiente e de qualidade.

A sociedade moderna depende fortemente do fornecimento de água em abundância e com qualidade, para isso usualmente são construídas barragens. Essas construções normalmente atraem ocupação humana nas suas regiões a jusante. Dessa forma, fica evidente que o rompimento dessas estruturas põe em risco a vida das populações locais, daí a relevância de suas seguranças. A segurança da barragem depende fortemente da estrutura organizacional, da filosofia do empreendedor e da responsabilidade técnica dos atores envolvidos. Neste sentido, esta pesquisa buscou: apresentar o conceito do Engenheiro de Registro (EdR); a sua influência na melhoria contínua da segurança; propor um plano de trabalho para este profissional, aplicado as barragens de acúmulo de água, e; fazer uma estimativa dos custos associados à sua equipe. Para tal, foi realizado um levantamento da legislação brasileira voltada à segurança das barragens de mineração e de acúmulo de água. Também foi feito um estudo sobre as diretrizes e os parâmetros de segurança de barragens em contexto internacional, o histórico e aplicação do EdR e, por fim, a condição das barragens de acúmulo de água no Brasil. Como as barragens de mineração passaram por acidentes recentes, as leis e as metodologias de segurança para estas são mais rigorosas. Assim, sob a luz desta experiência, foi proposto uma lista de ações para o EdR para barragens de acúmulo de água, dividido em duas etapas, a primeira para atendido a Política Nacional de Segurança de Barragens, e a segunda para a melhoria contínua da segurança da estrutura, além disso, foi feito uma estimava chegando ao valor de R$ 0,13 por m³ consumido para a implantação de uma equipe de EdR.

O presente estudo dá-se com intuito de analisar a viabilidade da habilitação dos comitês de bacia de participarem da regulação do saneamento básico, dado que existe uma conexão entre estes elementos, pois que suas atividades interessam a ambos reciprocamente, sendo oportuno avaliar a possibilidade de recomendar a ação conjunta que otimize a regulação e atue em favor da bacia hidrográfica. Introduziu-se com um cenário global de crises e de indisponibilidades hídricas contextualizando a situação brasileira e seu déficit sanitário, dado que o panorama atual brasileiro, relativo ao saneamento básico, vem passando por mudanças institucionais onde a governança regulatória está sendo imposta. Elegeu-se como objetivo geral analisar a interface do segmento de saneamento com a gestão dos recursos hídricos na bacia, no intuito de avaliar a participação na regulação proposta. A evolução dos objetivos específicos deu-se através de metodologia de revisão bibliográfica que cingiu sobre os elementos envolvidos no trabalho: saneamento; regulação; gestão de recursos hídricos; comitês e a interface entre eles. Utilizou-se também as metodologias de estudos de casos e de análise exploratória de legislações pertinentes às atuações e competências dos comitês de bacias e das agências reguladoras ao elaborar o contrato de prestação de serviço. A análise final constatou a ocorrência de sombreamento entre os elementos, inferindo atuações correlatas que sugerem a viabilidade da participação conjunta. Os estudos de casos demonstraram que a participação de Comitês de Bacia na regulação, conforme proposta do trabalho, vem ocorrendo, de formas pontuais, nos últimos anos, podendo sinalizar uma tendência. Recomenda-se enquadramento legal.

No dia 15 de julho de 2020 foi sancionado a atualização do Marco de Saneamento por meio da Lei Nº 14.026/2020 com a finalidade de avançar no setor de serviços de atendimento de coleta e tratamento de esgoto sanitário e abastecimento de água pelo país e atrair novos investimentos para universalizar e qualificar a prestação dos serviços no setor. O objetivo principal do presente estudo é avaliar e correlacionar os índices relativos ao saneamento básico com índices de desenvolvimento econômico e social dos municípios do estado de Minas Gerais, Brasil. Para execução do presente trabalho, realizou-se a consulta e coleta de dados de tratamento e distribuição de água potável em bases de dados do governo e correlacionou-os com os diversos indicadores humanos e de saneamento a fim de verificar o atendimento ao marco do saneamento básico no Brasil. Como resultado obteve-se que a média e desvio-padrão dos dados de índice de atendimento com ETEs avaliado (2013-2035) são de 92,02% e 0,13%. Esses valores, com relação a coleta e tratamento de esgoto sanitário vão de encontro ao novo marco legal do saneamento. Foi possível concluir que há uma tendência de aumento dos valores de porcentagem da população com água encanada versus IDHM e os valores a serem atingidos pelos investimentos em coleta e tratamento de esgoto sanitário sanitário per capta para uma população estimada para estado de Minas Gerais no ano 2035, ou seja, o quanto deveria ser investido em reais para cada habitante em 2035, buscam a universalização do acesso a coleta e tratamento de esgoto sanitário em Minas Gerais, de 90-100% da população a ser atendida.

A influência da inserção de mini e microgeração nas redes de distribuição de energia elétrica, tanto do ponto de vista elétrico como do ponto de vista dos custos incorridos, ainda é pouco avaliada pelas distribuidoras de energia elétrica. No cenário atual da regulação do setor de energia elétrica, muito tem sido feito no sentido de tornar viáveis as fontes de geração distribuída, em especial a solar, e pouca atenção tem sido dada aos reais impactos que essas trazem na rede de distribuição. Assim, o presente trabalho, utilizando-se de metodologia apresentada pela CEMIG Distribuição, em seu projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e os estudos desenvolvidos no projeto de P&D Estrutura Tarifária da Empresa Luz e Força Santa Maria – Santa Maria, buscou mostrar os reais impactos incorridos pelas distribuidoras, quando da instalação de sistemas de geração distribuídas nas redes de energia, sem o devido estudo do impacto elétrico e econômico de sua instalação. Este trabalho simulou o crescimento da inserção da microgeração fotovoltaica nas redes de distribuição da Santa Maria, utilizando-se do cenário mais provável e, assim, previu os impactos às redes a aos custos da distribuidora.

A disposição inadequada do esgoto doméstico na zona rural pode oferecer sérios
riscos à saúde da população local e também ao meio ambiente. Para reduzir este
tipo de poluição é necessário a escolha e implantação de sistemas de tratamento
de esgoto com critérios técnicos, por parte do poder público ou dos próprios
geradores. Deste modo, o objetivo deste trabalho é a seleção de tecnologias de
tratamento de esgoto (i) unifamiliares ou (ii) semi-coletivas, utilizando análise
multicritério com uso de ferramentas SIG. A metodologia de análise multicritério
utilizada, Analytic Hierarchy Process (AHP), tem como intuito lidar com vários
critérios quantitativos e qualitativos simultaneamente, para selecionar dentre as
tecnologias, as melhores opções. Para implementar o método foi usada a
microbacia rural da Pedra Preta, localizada no município de Itajubá/MG, como
área de estudo de caso. Foram adotados quatro critérios na análise: uso e
ocupação do solo, tipo do solo, declividade do terreno e adensamento
populacional, aos quais foram relacionados pesos que podem ser replicados em
estudos relacionados a microbacias rurais durante a implementação do método
AHP. A ferramenta de geoprocessamento usada foi o QGIS, com imagens
gratuitas do CBERS 4A e ALOS PALSAR. Os resultados mostraram-se
satisfatórios, pois indicaram as áreas adequadas para implantação de sistemas
semi-coletivos, que atendem mais de uma residência e os locais para
implantação de sistemas unifamiliares de tratamento de esgoto, como por
exemplo, os sistemas alagados construídos (SAC), bacia de evapotranspiração
(BET) e os biodigestores

A diminuição das reservas de água doce, devido à poluição da água, associada ao aumento da demanda e aos altos índices de perdas, torna necessária a adoção de técnicas e práticas de conservação e racionalização da água. O Programa de Conservação de Água (PCA) em edificações compreende um conjunto de medidas que visam reduzir a demanda de água através do monitoramento do consumo, aumento da eficiência, redução do uso de água e diminuição de perdas por meio da troca de equipamentos e correção de problemas no sistema hidráulico. O aumento da oferta de água pode ser obtido através da captação de fontes alternativas como, por exemplo, captação de água subterrânea, aproveitamento de água de chuva e reuso de efluentes. Assim, este estudo tem por objetivo a elaboração de metodologia para um programa de conservação de água tendo como estudo de caso a aplicação no Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá. A metodologia baseia-se nas diretrizes do Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água (BRASIL, 2003) e em exemplos de aplicação de programas de conservação em campos universitários. Inicialmente foram instalados hidrômetros nas edificações em estudo possibilitando o monitoramento do consumo de água. Estes resultados apresentaram consumos inferiores aos valores apresentados em bibliografias. Em seguida, foram propostas medidas para redução do consumo, como a troca de equipamentos hidrosanitários por equipamentos mais eficientes. Por último foi analisado a viabilidade técnica e econômica de implantação de sistemas aproveitamento de águas subterrâneas, água de chuva e reuso de água cinza para substituição da água potável. Conclui-se que as medidas de baixo investimento apresentam um tempo de retorno até 5 meses para troca de torneiras. Para as medidas de médio investimento como a substituição de bacias sanitárias, o tempo de retorno apresenta-se entre 12 e 18 meses. As medidas de alto investimento que apresentou viabilidade econômica foi a a perfuração de poços subterrâneos com tempo de retorno de 10 meses

A água, apesar de essencial às atividades industriais, ocupa um espaço de destaque
na matriz de custos de uma empresa. Atividades, do ramo de recobrimento metálico,
demandam uma quantidade significativa de água e geram efluentes na mesma
proporção, o que consome uma fatia considerável do faturamento mensal. O
presente trabalho aplica uma metodologia para desenvolver um programa de
conservação e reúso de água – PCRA, para o processo de cromação de anéis de
pistão, em uma empresa de autopeças. A eficientização hídrica e o reúso de
efluentes foram as ferramentas de conservação escolhidas para melhorar o
desempenho ambiental e financeiro da planta. Através de uma análise qualiquantitativa das operações fabris, foi possível criar uma matriz hídrica do setor e
sugerir ações para conservação de água para 4 fluxos operacionais, os quais
representavam 90% da demanda de água e da geração de efluentes do setor. Com
a implementação de 2 das ações sugeridas no PCRA, apenas no mês de março de
2020, foram reduzidos 27,69m³/dia na demanda de água (51%) e 5,70m³/dia na
geração de efluentes (13%), proporcionando uma economia R$ 17.653,26 no mês. A
projeção de redução de demanda de água e de volume de efluente gerado é de
aproximadamente 45%, estimando uma economia superior a R$470.000,00 no ano.
Em relação à viabilidade econômica, para a aplicação das duas ações, o payback
calculado foi inferior à 01 mês, ressaltando que com pequenas mudanças
operacionais e comportamentais, ganhos significativos puderam ser alcançados.
Conclui-se que a metodologia empregada no trabalho foi eficaz na criação de um
programa de conservação e reúso de água e que a implementação do PCRA
através da racionalização da água, da redução de desperdícios e do reúso, é
fundamental para o setor industrial coexistir em tempos de escassez hídrica e
crescentes exigências para o uso consciente da água, uma vez que minimizam
impactos ambientais e melhoraram os resultados financeiros do negócio.

No Brasil, urbanização normalmente ocorre sem planejamento, alterando muitas características regionais, provocando alterações no comportamento hidráulico-hidrológico, causando problemas como inundações por escoamento urbano, por exemplo. A engenharia busca propor soluções que reduzam ou amenizem os impactos causados pela urbanização. Em função de disso, a implantação de novos loteamentos deve ser conciliada com práticas que busquem retardar este tipo de inundação e que sejam viáveis economicamente. Para tanto, esta dissertação analisou o impacto da adoção de medidas estruturais e não estruturais na implantação de novos loteamentos, visando a diminuição da vazão de pico e a viabilidade técnica-econômica para quatro cenários onde variou-se a permeabilidade do solo em loteamentos a serem implementados no sul de Minas Gerais. As medidas de controle propostas são calçadas com pavimento poroso, que todos os loteamentos tenham uma área verde correspondente a 10% da sua área total e, que todos os lotes mantenham 5% de sua área livres para a permeabilização direta da água da chuva no solo. Os resultados são promissores no que se refere as vazões e análise financeira pode apresentar caminhos alternativos para o empreendedor.

RODRIGUES, A. L. (2019), Estudo do Ganho de Rendimento de uma Turbina Hidráulica de Fluxo Reversível do tipo Wells Dotada de Sistema Diretor de Pás Fixas, aplicada em Centrais Maremotrizes, Itajubá, 126 p. Dissertação (Mestrado Profissional em Engenharia Hídrica) – Instituto de Recursos Naturais, Universidade Federal de Itajubá.
Turbinas de fluxo reversível do tipo Wells têm sido utilizadas na geração de energia em unidades do tipo Usinas de Coluna de Água Oscilante - CAO, mas não interagindo diretamente com a água, mas sim com o movimento de sentido alternado da corrente de ar gerada pela variação das ondas em uma câmara fechada. Este trabalho consiste em dimensionar um sistema diretor para uma turbina de fluxo reversível do tipo Wells funcionando diretamente com o fluxo de água em usinas do tipo maremotriz. O sistema diretor tem o objetivo de guiar o fluxo radialmente, fazendo com que o ângulo de incidência da lâmina promova o mínimo de choque do fluido com a pá do rotor. O desenvolvimento consiste em calcular a geometria e determinar as características da pá diretriz (diâmetros, número de pás, ângulos de entrada e saída, velocidades de saída de fluido), simular o comportamento do escoamento e da máquina operando sob diferentes condições de carga, de rotação e de testes em laboratório em modelos prototipados. O estudo é composto por simulações computacionais, prototipagem de modelos reduzidos e ensaios do modelo físico.