O trabalho investigou as percepções de professores de química do Ensino Superior sobre o uso de TDIC no Ensino de Química, e analisou qualitativamente as percepções destes docentes sobre o uso didático de um experimento controlado remotamente. Os critérios de seleção dos participantes foram docentes que lecionaram Química Geral Experimental em algum momento de sua carreira e pertencentes ao quadro de docentes do curso de Química em uma Universidade Federal do sul de Minas Gerais, não sendo feita quaisquer distinções com relação à respectiva formação ou área de atuação destes docentes. A construção do Experimento Didático Controlado Remotamente (EDCR) sobre Titulação Ácido-Base e todas as etapas de idealização, modelagem e programação foram realizadas em um Laboratório Remoto. Após a validação do protótipo do experimento, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com o objetivo de compreender qual o papel da experimentação na química, como os entrevistados utilizam as TDIC em suas aulas, qual a compreensão sobre experimento remoto e quais as percepções sobre o EDCR construído. A análise dos dados revelou resistência por parte destes docentes com relação ao uso das TDIC em contextos experimentais, e um desconhecimento sobre o que são experimentos remotos e como eles podem ser utilizados no contexto da química. Ao serem apresentados com um experimento desenvolvido com objetivos didáticos, a percepção dos professores foi alterada, fazendo com que passassem a considerar a utilizarem a TDIC em suas práticas experimentais como uma ferramenta auxiliar para o processo de ensino da química

A Temática Ambiental (TA), em todos os níveis de ensino e em todas as disciplinas curriculares, é apontada como essencial por estudiosos da área da educação e pelas legislações referentes à Educação Ambiental e à formação de professores. Assim, o presente trabalho traz reflexões sobre a importância do tratamento da TA na formação de professores por meio do PIBID, sendo este um programa que possui o objetivo de inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, algo que contribui para a articulação entre teoria e prática. Esta pesquisa foi desenvolvida na UNIFEI- Campus Itajubá, pois o mesmo possui algumas características pertinentes, como: a realização dos dois últimos editais com propostas metodológicas diferentes, e realizados por alunos das 04 licenciaturas presente no Campus - Ciências Biológicas Licenciatura, Física Licenciatura, Química Licenciatura e Matemática Licenciatura. Tais reflexões são relevantes para a formação de um cidadão crítico, que compreenda a relação sociedade-natureza atual, pois os problemas socioambientais são resultados de um longo processo histórico. Objetivando tal compreensão, ao se falar sobre o desenvolvimento da TA, acentua-se a importância da formação de professores, pois ao estarem aptos a desenvolverem suas práticas, podem contribuir para esse ensino. Como objetivo geral tem-se: Compreender a inserção da TA no desenvolvimento de propostas relacionadas ao PIBID/UNIFEI na execução dos Editais nº 07/2018 (período 2018-2019 - interdisciplinar) e nº 02/2020 (período 2020-2022 - disciplinar). Buscando uma investigação sobre o assunto, foram propostas para o desenvolvimento desta dissertação duas formas de coletas de dados, 1) Análise dos portfólios desenvolvidos nos anos de 2018-2022 e 2) Entrevista semiestruturada com os coordenadores institucionais e os coordenadores de área que atuaram no referido período e que são professores da Universidade. Por esta pesquisa apresentar um contexto específico, optou-se por realizar a análise dos dados a partir das Macrotendências Conservacionista, Pragmática e Crítica definidas pelos autores do artigo “As Macrotendências Político-Pedagógicas da Educação Ambiental Brasileira”. Portanto, identificou-se que o PIBID traz materialidade à possibilidade de desenvolvimento profissional dos alunos de licenciatura perante a TA, em aspectos que envolvam a interdisciplinaridade, pois, foi possível analisar que a TA foi abordada, sendo: no edital nº07/2018 trabalhada por alunos das quatro licenciaturas citadas, mesmo que em uma tendência conservacionista/pragmática, e no edital nº02/2020 a mesma foi explorada apenas por alunos da Ciências Biológicas Licenciatura.

Para que o desenvolvimento profissional seja potencializado, é essencial que o professor
participe de contextos que valorizem compartilhamentos de saberes e reflexões sobre suas
práticas, capazes de auxiliar na constituição de uma postura reflexiva e investigativa em sala de aula. Nesse sentido, esta pesquisa teve como objetivo compreender as construções
conjuntas de professores de matemática a respeito da abordagem investigativa e do tipo de
comunicação que precisa ser estabelecido em sala de aula nessa abordagem, a partir da
comunicação que emerge de um processo colaborativo de discussão e elaboração de tarefas investigativas. Para atingir tal objetivo buscamos analisar os diálogos estabelecidos pelos participantes do Grupo de Estudos Interdisciplinares e Formação de Professores (Geifop), um grupo colaborativo que propõe estudos e práticas voltados ao professor da Educação Básica, e cujas temáticas no ano de 2021 foram a abordagem investigativa e a comunicação. Dessa forma, esta pesquisa se desenvolveu no subgrupo da Matemática do Geifop, composto por formadores, professores da Educação Básica, mestrandos e futuros professores de Matemática. Assim, esta pesquisa de cunho qualitativo, se preocupa em descrever e analisar o processo de compartilhamento e reflexões proporcionadas pelo contexto colaborativo. Os dados foram produzidos por meio de gravações dos encontros que, devido à pandemia de Covid-19, foram realizados de forma remota, via Google Meet. A análise utiliza como referencial a Teoria do Agir Comunicativo de Jürgen Habermas, que propõe características relacionadas à comunicação, levando em consideração o contexto e as coordenações de ações resultantes dos atos de fala, permitindo que o entendimento ocorra. Logo, foi possível concluir, a partir da síntese das construções conjuntas, que os participantes buscaram entendimento acerca das características de uma tarefa investigativa, discutiram possíveis problemáticas da sala de aula e compreenderam a importância de prever as respostas dos alunos e de interpretar o pensamento deles para o desenvolvimento da investigação. Assim,incentivar a participação de professores em grupos colaborativos, mostrando as possibilidades formativas de estudar e refletir sobre a abordagem investigativa e a comunicação que emerge neste processo, contribui efetivamente para o desenvolvimento profissional de professores.

Apesar de o celular estar presente na rotina diária de diversas pessoas, adentrando inclusive o ambiente escolar, percebe-se uma resistência quanto ao seu uso neste contexto. Neste sentido, esta pesquisa buscou investigar possibilidades e limitações do uso de um aplicativo para celulares inteligentes, mediado por uma tarefa investigativa, para a apreensão de conceitos relacionados ao comportamento gráfico de funções trigonométricas. Buscando meios para alcançar o objetivo traçado, se utilizou de procedimentos da pesquisa qualitativa, sendo elaborada uma tarefa investigativa, com auxílio do aplicativo Photomath, realizada no contexto de aula de uma turma de 3º ano do Ensino Médio. Devido à pandemia do novo coronavírus, SARS-CoV2, a realização das etapas de intervenção aconteceu de forma remota, por meio da plataforma Google Meet. As fontes de dados para a pesquisa foram as gravações dos momentos de aulas no Google Meet, um diário de campo com observações do pesquisador, uma entrevista realizada com a professora assistente, uma atividade diagnóstica e um questionário aplicado aos alunos. Para a análise dos dados utilizou-se de três eixos emergentes da própria intervenção: (1) a manifestação do conhecimento matemático durante as etapas da tarefa investigativa; (2) o envolvimento dos alunos com o aplicativo Photomath em aulas remotas; e (3) a presença de habilidades como criar hipóteses, construir estratégias e verificá-las a partir da tarefa investigativa usando o aplicativo Photomath. Foi possível identificar a familiaridade dos alunos em relação ao uso do celular e da tecnologia, havendo certa dificuldade inicialmente em relação ao uso pedagógico do aplicativo proposto, assim como na assimilação da proposta investigativa. Apesar disso, percebe-se que no decorrer das investigações os alunos apresentaram um avanço no conhecimento matemático, realizando a exploração de diversos gráficos, elaborando e testando conjecturas, além de trabalharem na construção de propriedades. Houve limitações em relação à dinamicidade do aplicativo Photomath, assim como na plotagem de determinadas funções. Contudo, ressalta-se a importância da inserção do celular no ambiente de sala de aula, permitindo que os alunos se sintam motivados e capacitados para trabalhar com conceitos matemáticos e que percebam a riqueza dessa ferramenta para a sua aprendizagem.

A Tabela Periódica é um recurso de extrema importância para as aulas de Física, Biologia e principalmente Química, no entanto, nem sempre a origem dos elementos químicos é abordada nas aulas. Neste contexto, trabalhar com o tema Astronomia de forma interdisciplinar pode proporcionar aos alunos uma compreensão mais abrangente e significativa a respeito da Tabela Periódica. Aliar a este contexto a utilização de tecnologias digitais e aulas com metodologias ativas tem sido uma boa forma de incentivar os alunos a buscarem conhecimento. Sendo assim a utilização de jogos digitais educativos tem ganhado espaço nas aulas. Este trabalho apresenta e analisa a aplicação de um jogo digital denominado “A tabela periódica segundo a cosmoquímica” (TPSC), que foi desenvolvido para ensinar a origem dos elementos químicos. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a qualidade do jogo TPSC com base na opinião dos jogadores e, para tanto, o jogo foi aplicado a turmas de Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior com a intenção de obter uma ampla diversidade de opiniões. A coleta dos dados ocorreu por meio de questionários com perguntas dissertativas e de múltipla escolha. Os questionários foram disponibilizados pelo Google Forms e de forma impressa. A análise de dados foi realizada de forma qualitativa e quantitativa. Os resultados obtidos forneceram subsídios para indicar o jogo como recurso didático capaz de proporcionar aos alunos motivação, aprendizagem e uma boa experiência ao jogar. Este trabalho apresenta os pontos fortes e fracos do jogo além de propor futuras melhorias.

As ações de cariz ambiental, promovidas por empresas nas escolas de educação básica, despertam a nossa atenção para tentar compreender as possibilidades de incentivar o exercício da práxis política entre os jovens. Dessa forma, direcionamos nossas indagas às características das ações promovidas pelo setor empresarial no espaço escolar, como nas ações do Programa Socioambiental de Proteção e Recuperação de Mananciais – Pró-mananciais, liderado por empresas público-privadas. Para tal, procuramos identificar e analisar as compreensões sobre a temática ambiental, o processo educativo e as perspectivas da dimensão da práxis política a partir das relações entre o Pró-mananciais e uma escola de educação básica, situada na Bacia Hidrográfica do Rio Sapucaí. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas com profissionais da educação e membros do Pró-mananciais. Também foi possível observar reuniões promovidas pelo programa, destinadas à definição de ações na localidade em questão. Contamos com o auxílio dos softwares Transkriptor, para a transcrição dos áudios, e do NVivo para a sistematização e análise dos dados. Adotamos a Análise de Conteúdo, na modalidade da Análise Temática, como procedimento metodológico. Os resultados e as discussões suscitadas indicaram que as ações do Pró-mananciais têm potencial de influenciar na formação docente e discente. Essas ações, sobretudo, favorecem o estabelecimento de consensos sobre a Temática Ambiental e o processo educativo no espaço escolar, o que pode ser interpretado como o estabelecimento de um regime de obstrução do ensino. Nesse sentido, as relações entre o quadro de catástrofes ambientais e o modelo de sociedade capitalista foram abordadas superficialmente, limitando as discussões ao âmbito da individualidade e das ações imediatas. As ações de cunho ambiental executadas pelo Pró-mananciais, na referida escola de educação básica, atribuíram os problemas ambientais às escolhas pessoais, focando a sua mitigação nos aspectos tecnocientíficos e na mudança de comportamentos. Discussões como essas podem ocultar as possibilidades de questionar e pensar criticamente o modelo de sociedade capitalista. Ficou evidente que a escola tem sido palco para a disseminação de compreensões, valores e práticas que são caras ao Pró-mananciais, na comunidade local. Apesar de alguns profissionais da educação terem questionado essa postura do Pró-mananciais, não houve posicionamentos contrários. Essa constatação sugere haver um silenciamento, ainda que involuntário, das vozes dissonantes dentro da escola. Somado a isso, notamos que a ideia de participação coletiva, que é uma das bases das ações ambientais do programa, foi ressignificada, não permitindo que a comunidade, na prática, participasse dos espaços de tomada de decisões. Esse processo de privatização do espaço escolar pode contribuir na manutenção de um modelo educacional que enfatiza o individualismo e a mudança de comportamento, ao invés de preconizar um ensino crítico e emancipatório. Dessa forma, a relação entre o Pró-mananciais e a escola contribui na cristalização de significados acerca da práxis política, diferentes daqueles que consideramos pertinente à formação dos estudantes. Por fim, é crucial que os profissionais da educação, especialmente aqueles que estão envolvidos nas relações de empresas com escolas, reflitam e se oponham aos impactos que as ações ambientais empresariais têm causado no processo educacional.

O crescente número de pesquisas sobre Matemática e Arte, nas últimas décadas, foi um dos fatores que motivou o presente estudo. Seu objetivo é mapear as pesquisas brasileiras que investigam as interfaces entre a Matemática e a Arte, tecendo o estado do conhecimento daquelas que articulam a Matemática e a Arte nas propostas pedagógicas aplicadas no contexto do ensino de Matemática na Educação Básica. De caráter qualitativo, este estudo se constitui como uma revisão sistemática, do tipo “estado do conhecimento”, tendo como fonte as teses e dissertações, disponíveis na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Para as buscas foram considerados os termos: “Arte”, “Matemática”, “Ensino”, “Educação Matemática”, além dos termos relacionados às linguagens artísticas, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular, como: “Artes visuais”, “Dança”, “Música”, “Teatro” e “Artes audiovisuais”. A análise consistiu em duas etapas, sendo a primeira baseada em uma perspectiva mais descritiva e panorâmica, na qual realizamos um mapeamento a partir da leitura dos resumos das 110 teses e dissertações selecionadas, que investigam interfaces entre Matemática e Arte, publicadas no período de 2003 a 2020. Já na segunda etapa, visando uma perspectiva analítico-compreensiva, selecionamos 34 trabalhos do mapeamento, que apresentavam alguma proposta pedagógica aplicada no contexto do ensino de Matemática na Educação Básica. Elaboramos um fichamento no Google Forms, a fim de conduzir a leitura de partes dos textos para identificarmos aspectos relevantes para este estudo. A partir disso, delimitamos três eixos de análise: (1) abordagens metodológicas para o ensino; (2) foco matemático das propostas pedagógicas; e (3) uso da Arte no ensino de Matemática. Os agrupamentos de cada eixo emergiram das leituras dos trabalhos e dos referenciais. A partir do mapeamento, identificamos a formação de três grupos de pesquisas sobre o tema localizados nas regiões Sudeste e Sul, onde abrangem a maior parte da produção acadêmica. Entre as linguagens artísticas, a que se destacou nas pesquisas foi a arte visual, principalmente na relação com a geometria. Entre as tendências da interface entre Matemática e Arte, destacamos o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) no ensino de algum conteúdo, foco da maioria dos trabalhos, e a Arte para contextualizar o ensino, evidenciando o uso da Arte como contexto para o ensino de Matemática. Identificamos, ainda, diversas abordagens que indicam outros caminhos para o ensino na interface entre Matemática e Arte, ainda pouco explorados, por isso apontam a necessidade de novas investigações. Portanto, esperamos com este estudo, impulsionar novos trabalhos, principalmente nos campos que se apresentarem mais escassos.

O objetivo deste trabalho é verificar os resultados da aplicação de uma Sequência Didática (SD) para o ensino do conteúdo de fusão nuclear a partir da utilização do tema gerador evolução estelar. Este trabalho foi desenvolvido na disciplina AST 001: Conceitos de Astronomia do curso de Licenciatura em Física de uma universidade federal, durante o mês de julho de 2022, num total de 16 aulas, cada uma de 50 minutos. Como instrumento de coleta de dados foram utilizados questionários, gravações das aulas em áudio, diário de bordo e atividades avaliativas elaboradas no decorrer do desenvolvimento da sequência didática. Todas as atividades desenvolvidas foram estruturadas a partir dos Três Momentos pedagógicos de Delizoicv: problematização inicial, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento. Foram aplicados dois questionários, o primeiro (pré-SD) no início e o outro no fim (pós-SD) da aplicação do trabalho, e cinco atividades avaliativas. Os dados do questionário pré-SD serviram para identificar o “perfil” do aluno ingressante no curso de Licenciatura em Física, assim como verificar quais conhecimentos em relação temática foram estudadas por eles no ensino médio. O segundo questionário foi utilizado para verificar se a proposta de ensinar fusão nuclear a partir da evolução estelar foi bem-sucedida, isso é, para verificar a aprendizagem dos alunos em relação aos conteúdos abordados durante a aplicação da SD. As atividades avaliativas versaram sobre o tema evolução estelar e sua relação com o contudo fusão nuclear. Apesar de apenas 7 alunos terem participado de todas as atividades desenvolvidas na SD, foi possível perceber que os estudantes se envolveram nas aulas e que os resultados encontrados mostraram que o trabalho foi bem-sucedido e que as respostas fornecidas pelos estudantes nas questões do questionário pós-SD foram bem mais elaboradas do que as fornecidas para as questões do questionário da pré-SD.

Pesquisas acerca das contribuições da História da Matemática na formação de professores vêm sendo desenvolvidas por diversos pesquisadores no âmbito nacional ao longo dos últimos anos. Nesse sentido, nos questionamos: Quais são as contribuições do estudo de episódios históricos da Matemática para a formação de professores de Matemática? Diante disso, buscou-se identificar e analisar conhecimentos de professores de Matemática mobilizados por licenciandos em Matemática no estudo de episódios históricos. Para tanto, os dados foram coletados em um grupo de estudos com licenciandos em Matemática de uma Universidade Federal do sul de Minas Gerais, que fora criado com intuito de discutir episódios históricos da matemática. Foram realizados cinco encontros, de modo que os quatro primeiros aconteceram por meio da plataforma de encontros online Google Meet e o último presencialmente. Todos os encontros foram gravados e posteriormente transcritos pelo pesquisador. Nestes encontros foram discutidos três episódios, a saber: (i) o surgimento da geometria não-euclidiana; (ii) o surgimento do cálculo infinitesimal; e (iii) o surgimento dos números complexos. As transcrições foram analisadas de modo a identificar indícios dos conhecimentos de professores evidenciados nas falas e comentários dos participantes. Os resultados desta investigação indicam que o estudo de episódios históricos pode contribuir para a mobilizações de diversos conhecimentos de professores, tais como o domínio de Conhecimento do Conteúdo e seus subdomínios: Conhecimento de Matemática (CdM) e o Conhecimento sobre Matemática (CsM) e, também, o domínio de Conhecimento Pedagógico do Conteúdo (PCK) e seus subdomínios como o Conhecimento Comum do Conteúdo (CCK), o Conhecimento do Conteúdo e dos Estudantes (KCS) e o Conhecimento do Conteúdo e do Ensino (KCT).

Frente ao avanço dos casos de COVID-19 e a respectiva necessidade de distanciamento social, as instituições de ensino do Brasil e do mundo foram fechadas temporariamente ao convívio presencial, e os diversos atores do complexo sistema educacional viram-se limitados, seja por questões conjunturais ou formativas, para atender às demandas educacionais que se impunham de maneira remota, e buscaram alternativas para dar continuidade às suas práticas pedagógicas. Na Rede Pública Estadual de Educação do estado de Minas Gerais no Brasil, foi implementado, de forma emergencial, o Regime Especial de Atividades Não Presenciais (REANP), que tentou dar alguma sequência ao planejamento pedagógico corrente. Com o objetivo de compreender como ocorreram essas adequações e implementações, e quais são as expectativas dos docentes em relação à continuidade do uso das tecnologias digitais após o período pandêmico, este trabalho analisou os relatos de professores do Ensino Médio na área de Ciências da Natureza, que enfrentaram os desafios do modelo REANP na rede pública estadual da cidade de Pouso Alegre, quanto à implementação das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) em suas práticas pedagógicas. Identificamos que a capacitação dos professores para a utilização eficaz das TDIC ainda requer aprimoramentos substanciais., e que o período de transição no REANP destacou a necessidade de abordagens mais bem planejadas e de investimentos contínuos na formação pedagógica, de modo a permitir que os educadores atendam às demandas do ambiente educacional contemporâneo de maneira confiante e eficaz.

Entende-se que propiciar ao futuro professor de Matemática oportunidades para refletir sobre as ações pedagógicas com Materiais Manipulativos e Jogos para o ensino inclusivo, é uma prática formativa significativa. Assim, norteada pelo estudo da Base de Conhecimentos para o Ensino, proposta por Shulman (1987), e do modelo do Conhecimento Especializado do Professor de Matemática (MTSK), desenvolvido por Carrillo et al. (2013) e Montes et al. (2014), esta pesquisa buscou investigar e compreender os conhecimentos mobilizados por futuros professores ao desenvolverem propostas de atividades pautadas no uso de Materiais Manipulativos e Jogos para o ensino da Matemática na perspectiva inclusiva. De abordagem qualitativa, esta investigação caracteriza-se como uma pesquisa-formação ao possibilitar que o professor pesquisador produzisse significados e sentidos para sua própria formação. Com a fase de campo da pesquisa realizada em uma disciplina do curso de licenciatura em Matemática, com foco na Prática como Componente Curricular, buscou-se responder a seguinte questão: Que conhecimentos são mobilizados por futuros professores de Matemática ao desenvolverem propostas de atividades pautadas no uso de Materiais Manipulativos e Jogos para o ensino da disciplina na perspectiva inclusiva? A partir do desenvolvimento de seminários pelos licenciandos, no processo analítico desta investigação buscou-se identificar nas falas e produções dos futuros professores indícios de conhecimentos docentes, a partir da Base de Conhecimentos para o Ensino e do modelo do MTSK. Mesmo com as limitações do formato remoto de ensino, imposto pela pandemia de Covid-19, os resultados foram positivos, indicando a mobilização de Conhecimentos Matemáticos relativos aos Tópicos e a Estrutura da disciplina, assim como Conhecimentos Pedagógicos de Conteúdo (PCK) sobre o Ensino, as Características e os Parâmetros de Aprendizagem da Matemática. Nesse sentido, vale ressaltar a maior recorrência de conhecimentos relativos aos subdomínios do PCK, dos quais sublinha-se o Conhecimento do Ensino da Matemática (KMT) como aquele mobilizado em maior número, em todas as propostas analisadas. Em sua maioria, os indícios do KMT referiam-se as possibilidades que podem emergir da utilização de Materiais Manipulativos e Jogos, em ações de ensino da Matemática na perspectiva Inclusiva. A partir das categorias do Conhecimento dos Contextos Educacionais e do Conhecimento dos Fins e Propósitos da Educação e de sua base histórica, foram mobilizados conhecimentos acerca da realidade escolar e da importância dos processos formativos para o exercício da docência em contextos inclusivos. Portanto, os resultados sugerem as ações formativas desta pesquisa como alternativas significativas ao desenvolvimento profissional docente, ao propiciar a mobilização e a articulação de conhecimentos disciplinares e pedagógicos, a partir do ensino inclusivo da Matemática.

A recente pandemia de Covid-19 evidenciou o importante papel da divulgação científica em promover o acesso da população a informações atualizadas sobre ciência e tecnologia, possibilitando às pessoas tomar decisões conscientes sobre assuntos relacionados a essa temática. Esta pesquisa teve como objetivo analisar a presença de elementos da abordagem Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS) em textos de divulgação científica (TDC) da revista Pesquisa FAPESP que abordaram o tema Coronavírus, discutindo suas potencialidades e limitações para a educação CTS no contexto do ensino de ciências. A pesquisa é de abordagem qualitativa e do tipo documental. O corpus foi constituído por 17 TDC, relacionados ao tema Coronavírus, publicados no período de 2020 a fevereiro de 2021. Os TDC foram analisados por meio de categorias a priori definidas em um instrumento de análise de aspectos da abordagem CTS em TDC. Dos resultados obtidos, foram encontrados vários elementos da abordagem CTS nos textos analisados, sobretudo discussões relacionadas ao funcionamento da ciência e seu papel na sociedade. O estudo permitiu identificar nos TDC grandes potencialidades para trabalhar o tema Coronavirus, dentro da perspectiva CTS, no ensino de ciências.

O impacto da tecnologia na educação vem trazendo novos desafios ao professor nas últimas décadas, provocando mudanças no contexto educacional das escolas e rompendo com as formas tradicionais de ensinar e aprender. As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs), utilizadas com frequência pelos alunos em seu cotidiano, em múltiplas plataformas digitais, coloca em evidência situações desafiadoras aos professores nas escolas públicas e privadas, que a introdução de metodologias inovadoras poderia minimizar, tornando o ensino mais interessante e próximo da realidade dos “nativos digitais”. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo geral estabelecer uma relação entre Metodologias Ativas, Personalização e Desenho Universal para Aprendizagem, em uma experiência no ensino híbrido de Ciências da Natureza, mostrando que elas podem contribuir para tornar o aluno cada vez mais participativo e autônomo. A pandemia da COVID-19 acentuou a responsabilidade do professor em conhecer os novos usos das TDICs no “ensinar e aprender” e melhorar a comunicação com seu aluno por meio do ensino remoto. Desta maneira, este trabalho procurou aprofundar os estudos sobre metodologias ativas aplicadas ao ensino de Ciências da Natureza, para demonstrar a relação entre elas e a personalização do aluno e, entre ambas do Desenho Universal para Aprendizagem, como contribuição na melhoria do desempenho de alunos e professores. A metodologia de trabalho baseou-se, primeiramente, na revisão bibliográfica sobre o assunto, com leitura e fichamento de livros e artigos, buscando os fundamentos dos objetivos propostos, em situações utilizadas na prática pedagógica do professor dentro da sala de aula de Ciências. Esta parte contou também com um levantamento de periódicos publicados pela Com a finalidade de verificar a frequência do uso das metodologias ativas em sala de aula de Ciências, com ou sem as TDICs, foi feita uma pesquisa entre os estudantes do Ensino Fundamental II, de uma escola da rede particular de ensino, do Sul de Minas e uma entrevista com a docente responsável pela turma. Os resultados deste estudo apontam que as metodologias ativas proporcionam maior aprendizagem e interesse dos alunos, principalmente se combinadas com as TDICs. Por outro lado, a pesquisa confirmou a importância do professor conhecer as metodologias ativas aplicadas em situações de sala de aula, com ou sem o uso das TDICs, revelando que o acesso democrático a elas, por todos os alunos, é condição imprescindível à melhoria geral do ensino aprendizagem.

A incorporação das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) em ambiente escolar tem se mostrado necessária e viável, favorecendo os processos de ensino e de aprendizagem de estudantes de vários níveis de escolaridade, incluindo os pertencentes ao público-alvo da educação especial (PAEE). A produção de material digital com abordagem narrativa pelos estudantes se insere nesse contexto. Apresenta-se como um recurso pedagógico promissor de utilização das TDIC podendo ser utilizado também com alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) para a aprendizagem de conteúdos de ciências. A aproximação da Educação em Ciências na perspectiva inclusiva com as TDIC e o pensamento narrativo merece ser refletida pela/na escola e, nesse sentido, investigações nessa área mostram-se pertinentes. O objetivo deste estudo é o de descrever e analisar o processo de mediação de estudantes com TEA na produção de material digital com abordagem narrativa relacionado a conteúdos de ciências. O estudo insere-se no âmbito da pesquisa qualitativa. O percurso metodológico contemplou um levantamento sobre o tema no banco de dissertações e teses da CAPES, a observação de aulas de Ciências no 8º ano do Ensino Fundamental e o processo de mediação para a produção de material digital com abordagem narrativa realizado durante encontros com dois estudantes com TEA. Ao final do processo, os estudantes realizaram uma apresentação oral dos materiais digitais produzidos. O tratamento e a análise dos dados seguiram as fases sugeridas por Yin (2016), relacionadas à pesquisa qualitativa. A partir das mediações, foi possível a contextualização de conteúdos de ciências, oportunizando aos estudantes a construção de conhecimentos relacionados à disciplina, sendo alguns associados ao TEA. O processo de produção do material digital revelou a importância da narrativa para a construção da identidade dos adolescentes, evidenciando um processo cíclico de autoconhecimento no qual o narrar produz o eu assim como é produzido pelo eu. A utilização do computador e da internet possibilitou aos estudantes com TEA aprendizagens relacionadas ao letramento digital. A cooperação entre os estudantes também foi destacada durante todo processo de produção do material digital de abordagem narrativa.

Este trabalho objetivou analisar de que forma a educação inclusiva é proposta nos Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC) de licenciatura em Ciências Biológicas das universidades federais do estado de Minas Gerais. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa do tipo documental, tendo como material de análise os PPC dos 17 cursos de licenciatura mapeados. Os dados foram analisados baseando-se na análise de dados qualitativos proposta por Robert Yin, o que permitiu que os dados fossem recompostos quanto aos “lugares” destinados à discussão da temática nos currículos e quanto aos “propósitos” associados à sua presença nas disciplinas. Acerca dos lugares, evidenciou-se que a temática é abordada em componentes curriculares obrigatórios, componentes curriculares optativos e no espaço das atividades extracurriculares. Das 78 disciplinas identificadas, 79,5% (62) são disciplinas de cunho obrigatório, enquanto 20,5% (16) são disciplinas de cunho optativo, o que evidencia um início do reconhecimento da temática da educação inclusiva no cercado território dos currículos de formação de professores de Biologia. Destaca-se que esta conquista por espaços no currículo também foi representada pela diversidade de propósitos associados à presença da temática que puderam ser identificados e analisados. Estes foram organizados em seis categorias, a saber: i) Aprender sobre a Libras e sobre aspectos da educação de alunos surdos; ii) Experienciar a docência com alunos PAEE; iii) Instrumentalizar o professor de Biologia para a criação de propostas didáticas inclusivas; iv) Compreender a educação inclusiva em seus diferentes aspectos; v) Refletir a inclusão/exclusão para além da escola; e vi) Desenvolver pesquisas científicas sobre a educação especial. Espera-se que as análises construídas neste trabalho subsidiem futuras atualizações nas estruturas curriculares dos cursos de formação de professores, principalmente ao apontar e analisar diferentes caminhos para a inserção da temática da educação inclusiva nos currículos, permitindo, assim, transcender ao espaço/tempo da disciplina de Libras e ao enfoque nos recursos e materiais didáticos, os quais a educação inclusiva tem sido cerceada.

Com a pandemia da COVID-19, escolas foram fechadas frente a necessidade do isolamento social. Visando não prejudicar o ano letivo, o Ministério da Educação (MEC) propôs o ensino remoto, de forma a manter o aluno em contato virtual diário com o professor. Em Minas Gerais, foi regulamentado a oferta do Regime Especial de Atividades Não Presenciais (REANP) nas escolas de educação básica por meio do uso de ferramentas virtuais visando a organização das atividades escolares obrigatórias. Devido ao caráter emergencial, os professores migraram suas aulas para o ambiente virtual sem treinamentos prévios. Diante desse cenário, analisar as percepções dos professores e gestores sobre o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) fez-se necessário na intenção de dimensionar o espaço e o tempo da escola para tais tecnologias durante a pandemia. Nesse sentido, o estudo teve como objetivo compreender as percepções de professores do ensino fundamental II e de gestores de escolas públicas da microrregião de Itajubá para o uso das TDIC a partir do REANP. Os dados foram obtidos via entrevista semiestruturada e analisados segundo a Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2016). Os resultados mostraram que o uso pedagógico das TDIC por parte dos professores e gestores encontra desafios pessoais, estruturais, legais e didáticos metodológicos que podem ser superados através de capacitações docentes que agreguem letramentos digitais, de políticas públicas menos impositivas e mais adaptáveis as demandas específicas de cada escola e de ressignificações da prática docente que permitam aos alunos se apropriarem de seus percursos formativos através dos múltiplos modos de comunicação oportunizados pelas tecnologias digitais.

O objetivo deste trabalho foi analisar os sentidos que o termo cotidiano assume nas
pesquisas apresentadas no ENPEC, baseados na visão de Agnes Heller sobre o
cotidiano. Analisamos 75 artigos publicados em todas as edições do ENPEC que
tratavam de pesquisas que fizeram uso do cotidiano em atividades na educação
básica escritos em língua portuguesa e classificamos os sentidos assumidos pelo
termo cotidiano em 4 categorias sendo elas: Habitualidade; Conhecimentos Prévios;
Contextualização e Realidade, que dividimos, com base no referencial teórico de
Agnes Heller, em 2 grandes grupos: Cotidiano como atividade humano genérica não
consciente e Cotidiano como atividade humano genérica consciente. Os resultados
apontaram que a maioria das pesquisas apresentadas nos eventos apresentam
excertos que têm significados atrelados à categoria Habitualidade e que um mesmo
pesquisador utiliza o termo cotidiano com sentidos diferentes, uma vez que notamos
que um mesmo trabalho poderia conter excertos em todas as categorias. A pesquisa
nos mostrou que há necessidade de aprofundar o entendimento do que é cotidiano,
já que ele é bem mais complexo do que se imagina, para utilizar dele no ensino de
ciências uma vez que utilizando-se dele de maneira equivocada, há o risco de
restringir o aprendizado a algo que é corriqueiro e que não necessita de maior
entendimento para ser realizado ou compreendido.

As articulações entre História da Matemática e formação de professores têm sido objeto de pesquisas na área de Educação Matemática. Em tais investigações, é apresentada uma vasta gama de justificativas favoráveis à inserção de abordagens históricas na formação de professores. Contudo, identificamos que ainda são pouco numerosas as pesquisas que analisam especificamente as contribuições de uma disciplina de História da Matemática para a formação de professores, sobretudo na perspectiva de conhecimentos matemáticos para o ensino. Neste sentido, a presente pesquisa tem como objetivo descrever e analisar as contribuições do estudo de aspectos da História da Matemática na mobilização de conhecimentos matemáticos para o ensino à luz do modelo “Conhecimento Matemático para o Ensino”, conhecido pela sigla MKT, e proposto por Deborah Ball e colaboradores. Para tanto, a coleta de dados foi realizada ao longo de uma disciplina especificamente voltada para o estudo da História da Matemática de um curso de Licenciatura em Matemática. Os dados foram coletados por meio de questionário de identificação dos participantes, gravação audiovisuais das aulas e diário de campo, ao longo da disciplina e entrevistas realizadas após o término desta. Foram analisadas, ainda, as atividades feitas pelos estudantes durante a disciplina. Foi realizada uma triangulação dos dados obtidos por meio dos diferentes instrumentos de coleta e estes foram analisados por meio de agrupamentos por semelhança que eram relativos aos domínios e subdomínios propostos no modelo de Ball e colaboradores. As análises indicam que os licenciandos expressaram conhecimentos referentes ao “Conhecimento Específico do Conteúdo” especificamente aos subdomínios: Conhecimento Comum do Conteúdo; Conhecimento Especializado do Conteúdo; Conhecimento do Conteúdo no Horizonte os quais apareceram com maior frequência nas atividades relativas à Matemática na Antiguidade. Também foram evidenciados de maneira expressiva, conhecimentos referentes ao “Conhecimento Pedagógico do Conteúdo”, de modo específico, aos subdomínios: “Conhecimento do Conteúdo e dos Estudantes”, “Conhecimento do Conteúdo e Ensino” e “Conhecimento do Conteúdo e do Currículo”. As análises desta investigação indicaram que atividades sobre História da Matemática têm o potencial de possibilitar aos licenciandos a mobilização de conhecimentos matemáticos para o ensino e, portanto, o estudo destes, pode contribuir para a formação inicial de professores.

A Educação Integral e Integrada considera a importância do desenvolvimento da pessoa, além de seu preparo para o exercício da cidadania, juntamente com sua formação. Este tipo de educação exige preparo do professor e, também, pesquisas que tomem como foco as práticas desenvolvidas para alcançar seus objetivos. Buscando suprir essa lacuna, este estudo configura-se como uma pesquisa da própria prática, que une o ensino à investigação acadêmica, e objetiva investigar as contribuições de um conjunto de atividades sobre Educação Financeira, pautado em práticas de letramento, para que o professor de Matemática possa atingir os princípios do Ensino Médio Integral Integrado. O conjunto de atividades elaborado pelo professor pesquisador contou com a participação de um grupo colaborativo e interdisciplinar de estudos, sendo implementado junto a uma turma de 1º ano de um curso Técnico de Informática na perspectiva integral e integrada. Para analisar os resultados, foram constituídos três eixos, baseados nos princípios do EMII: (1) Pluralismo de ideias e concepções pedagógicas; (2) Valorização da experiência extraescolar e (3) Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Os resultados, analisados de forma narrativa, apontam que as práticas de letramento matemático e financeiro, quando permeadas por momentos de discussão e socialização, auxiliam o professor a atingir os princípios do programa e que a pesquisa da própria prática permite, ao professor, em especial de Matemática, repensar sua postura e seu papel enquanto professor do EMII.

Por meio das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC), o surgimento de novas formas de acesso e produção de conhecimentos acontece, influenciando diretamente na educação em todos os níveis de ensino. Em função disso, como um ambiente de formação, a escola também vem se deparando com novos desafios e buscando maneiras para promover propostas pedagógicas que considerem as TDIC. Um eixo fundamental dentro dessa perspectiva está na capacitação do professor, a qual precisa oferecer subsídios para uma prática pedagógica coerente com as necessidades dos processos de ensino e de aprendizagem no contexto da cultura digital. Nesse cenário, esta pesquisa analisou como estudantes dos cursos presenciais de licenciatura em Física, Química e Ciências Biológicas de uma instituição pública de ensino superior em Minas Gerais compreendem a sua formação inicial para o uso pedagógico das TDIC integradas ao currículo escolar. A organização metodológica sustenta-se pelas premissas da pesquisa qualitativa e o percurso investigativo compõe-se, inicialmente, pela coleta e análise de dados documentais advindos dos projetos pedagógicos dos cursos de licenciatura (lócus da pesquisa); em seguida, pela aplicação de um questionário para os(as) licenciandos(as) que estão finalizando a graduação e já vivenciaram disciplinas que abordam a temática das tecnologias na educação bem como situações de estágio. Finalmente, os dados do questionário serviram de base para a realização de entrevistas semiestruturadas com os(as) participantes do estudo para aprofundamento das informações sobre a temática investigada. O resultado da triangulação dos dados evidenciou que, apesar de os(as) licenciandos(as) considerarem importante uma formação inicial para a integração das TDIC ao currículo, ainda é algo que está longe de acontecer de fato; dentre os motivos está: a não linearidade das discussões durante a graduação; a escassez de abordagens com esse foco (principalmente relacionadas ao ensino de Ciências) e a falta de momentos de reflexão e prática sobre o uso pedagógico dessas ferramentas. As compreensões dos(as) licenciandos(as) são, assim, mais voltadas à vertente utilitarista de uso das TDIC, assim como, à falta de entendimento sobre o que de fato seria integrar as TDIC ao currículo. Com o levantamento de reflexões sobre as compreensões dos(as) licenciandos(as), esta pesquisa espera trazer contribuições para cenários futuros dos cursos de formação inicial de professores dentro da perspectiva da integração curricular das TDIC.
Palavras-Chave: Formação inicial de professores, TDIC, Educação em Ciências, Integração Currícular.

A presente dissertação tem como objetivo analisar como o cotidiano de alunos da modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem sido utilizado em sala de aula por professores de Física, no âmbito do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF). Para isso, utilizamos como fonte de dados as dissertações produzidas neste programa, que tem como objetivo capacitar em nível de mestrado professores da Educação Básica quanto ao domínio de conteúdos de Física e de técnicas atuais de ensino para aplicação em sala de aula e exige um produto educacional aplicado nesse ambiente. Num recorte temporal de 2013 a 2019, encontramos 95 dissertações que relacionavam o cotidiano dos alunos e o ensino de Física. Com esta amostra foi feito um mapeamento que procurou identificar o polo originário das dissertações, o conteúdo de Física abordado, possíveis temas trabalhados, a modalidade de ensino, o tipo de instituição onde o produto educacional foi aplicado e os recursos de ensino utilizados na construção das propostas. Dentro desta amostra, percebemos que as dissertações que eram voltadas para a EJA traziam uma forte conexão com o cotidiano, especialmente em função de seu público alvo. Decidimos, então, voltar nosso olhar para essas produções, com o entendimento de que seria uma boa opção de análise, conforme estabelecido no objetivo do trabalho. Essa escolha nos propiciou um corpus documental com 8 dissertações para análise mais aprofundada. Em primeiro, lugar foi feito o mapeamento dessas 8 dissertações nos mesmos moldes do realizado com as 95 dissertações selecionadas anteriormente. O mapeamento realizado com as 95 dissertações mostrou que os trabalhos foram aplicados, em sua maioria, em escolas públicas e no Ensino Médio; que o conteúdo de Física mais trabalhado foi a Física Moderna e Contemporânea; que alguns trabalhos utilizaram temas no ensino de Física, com grande diversidade de assuntos e que, em se tratando de recursos de ensino, utilizaram mais de um recurso na aplicação do trabalho proposto. Realizando o mesmo mapeamento para as 8 dissertações voltadas à EJA vimos que todas foram aplicadas em escolas públicas; que o conteúdo mais abordado foi o Eletromagnetismo; que apenas um trabalho utilizou temas no Ensino de Física e que também utilizaram mais de um recurso na aplicação do trabalho proposto. O passo seguinte foi analisar como o cotidiano dos alunos da modalidade de ensino EJA estava sendo utilizado pelos professores de Física, no âmbito do MNPEF. Para isso, foram utilizadas as categorias estabelecidas no trabalho de Pierson (1997), no qual a autora realiza uma análise dos trabalhos apresentados no Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF) dos anos de 1991, 1993 e 1995 com o intuito de verificar se o cotidiano estava fazendo parte das pesquisas desenvolvidas. Dentre as categorias utilizadas em nossa análise, foi possível perceber que a categoria voltada à aplicação/exemplificação do conhecimento físico a partir do cotidiano dos discentes foi a que mais apareceu em nosso resultado, ao passo que a categoria voltada à problematização do cotidiano dos alunos em relação aos conhecimentos físicos foi a menos presente. A análise foi realizada a partir da seleção e classificação de excertos presentes nessas 8 dissertações que, em nosso entender, foram os mais representativos de cada uma das categorias de análise utilizadas neste trabalho.

As tecnologias estão presentes em nosso cotidiano, o que nos torna uma sociedade intitulada tecnológica. Dentro desse contexto, a integração das tecnologias no ensino torna-se de grande importância a partir da premissa de que a escola precisa assumir o papel de preparar os alunos para serem cidadãos criativos e críticos, inseridos na sociedade em que vivem. Para que a integração aconteça, é importante trabalhar pilares que sustentem – de forma integral – o uso das tecnologias com intencionalidade pedagógica. O objetivo da pesquisa é identificar que desafios relacionados à utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação são apresentados por professores egressos de Mestrados Profissionais de Ensino com linha de pesquisa em Tecnologia da Informação e Comunicação. O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista semiestruturada. Os dados foram analisados a partir dos procedimentos da Análise de Conteúdo, a fim de trazer à luz quais as dificuldades e obstáculos para utilização das Tecnologia da Informação e Comunicação na prática pedagógica dos professores egressos. Com isso, espera-se que a pesquisa traga contribuições para o desenvolvimento de futuras práticas educativas na formação de professores, para a inserção das Tecnologia da Informação e Comunicação nas práticas docentes com intencionalidade pedagógica, para o desenvolvimento de práticas capazes de superar alguns desafios encontrados fora do âmbito da formação de professores, como visão dos gestores e problemas de infraestrutura nas escolas.

A presente investigação tem por objetivo geral identificar e analisar dimensões da profissionalidade docente em futuros professores de um curso de Física Licenciatura no processo no qual desenvolvem e aplicam práticas pedagógicas envolvendo temas contextuais. Para isso, foi realizada uma pesquisa qualitativa com licenciandos do curso de licenciatura em Física, de uma Universidade Federal localizada no sul do estado de Minas Gerais, no município de Itajubá. Esses licenciandos desenvolvem nas disciplinas de Instrumentação para o Ensino de Física I e II, um projeto que envolve a abordagem de temas, o qual é aplicado numa situação real com alunos de ensino médio. A coleta de dados foi realizada a partir de questionários abertos, entrevistas semiestruturadas e durante a observação das aulas da disciplina II e da aplicação do projeto nas escolas. Para análise foram utilizados procedimentos da Análise de Conteúdo na perspectiva de Bardin (2016), que procurou identificar, a partir das compreensões dos licenciandos, dimensões da profissionalidade docente que emergissem do contato com as ideias da prática realizada com a abordagem de temas. Para o processo de análise foram elaboradas sete categorias, classificadas como Formação cidadã dos alunos, Democratização do ensino de Física, Ressignificação do ensino de Física, Interrelação entre contexto e conteúdo, Aprendizagem dos conteúdos de Física, Percepções dos alunos sobre uma nova perspectiva de ensino de Física e Abordagem de temas e a prática docente. Nesse sentido, as análises mostraram que quando alguns licenciandos associam a prática com abordagem de temas à uma formação cidadã e a um ensino de Física mais democrático, percebe-se o surgimento de uma dimensão da profissionalidade docente denominada obrigação moral. Quando, porém, os licenciandos associam a abordagem de temas a uma possibilidade de ressignificar o ensino de Física, nota-se o aparecimento de uma outra dimensão da profissionalidade docente conhecida como compromisso com a comunidade. Já em relação as compreensões dos licenciandos a respeito da construção de práticas pedagógicas que envolvem contexto e conteúdo, como apresentado na abordagem de temas, foi possível identificar o surgimento de uma dimensão denominada autoformação participada e, com relação as suas compreensões acerca do processo de aprendizagem dos alunos verificou-se o aparecimento de uma última dimensão classificada como competência profissional. De forma geral, foi possível observar o surgimento de algumas dimensões da profissionalidade docente que contribuem para o processo de formação profissional desses futuros professores de Física. Contudo, embora as disciplinas e o projeto tenham contribuído para o surgimento dessas dimensões, é difícil mensurar o quanto dessas dimensões foram de fato apropriadas pelos licenciandos, apesar de todos os licenciandos afirmarem que desenvolveriam uma prática desta natureza, em sua prática docente como futuros professores de Física.

O presente trabalho buscou avaliar como os licenciandos de uma universidade pública brasileira localizada no sul de Minas Gerais expressam seus conhecimentos sobre a Natureza da Ciência (NdC) e o Conhecimento Pedagógico de Conteúdo (PCK) na elaboração de um material didático sobre história de um conceito de física para a Educação Básica. Buscou-se compreender também a mobilização conjunta entre esses dois tipos de conhecimento para formar o PCK/NdC. Para realizar esta investigação foram selecionados materiais didáticos elaborados por alunos do curso de licenciatura em física do 8º período. Ao todo, doze materiais didáticos foram selecionados para a análise, os quais foram complementados com as gravações em áudio das apresentações dos participantes sobre os materiais didáticos elaborados. Para a análise dos dados, investigou-se os aspectos da NdC, PCK e as relações entre PCK/NdC comunicadas ou que podem ser inferidas a partir dos materiais. Para isso, elaborou-se categorias de análises relacionadas as visões de elementos da NdC e do PCK, a partir dos referenciais adotados nessa pesquisa. Após a realização das análises foi possível identificar visões sobre a NdC, as subcategorias do PCK explicitas nos materiais, momentos nos quais os licenciando mobilizam seus PCK para ensinar elementos de NdC (PCK/NdC) e reflexões acerca da utilização da História e Filosofia da Ciência (HFC) pelos licenciandos como estratégia didática para elaboração do material didático. Como resultados principais, foram possíveis encontrar visões adequadas e inadequadas sobre a NdC, assim como a expressão majoritária do subdomínio de Conhecimentos de Estratégias Didáticas no Ensino de Física, no que diz respeito aos PCK. Além disso, identificou-se limitações e dificuldades relacionadas a este estudo. As análises suscitaram algumas questões que merecem atenção em pesquisas futuras, dentre as quais podemos citar a formação sobre a HFC no ensino e as práticas formativas propostas na formação inicial.

A pesquisa aqui apresentada teve por objetivo a análise das habilidades manifestadas por alunos do primeiro e segundo ano do Ensino Médio quando submetidos a uma Sequência Didática (SD) em forma de intervenção pedagógica baseada na relação Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente (CTSA) sobre a temática “Fontes de Energia”. Baseados na perspectiva dos referenciais de abordagem CTSA, foi produzida uma intervenção pedagógica sobre o tema e desenvolvida com um total de 42 alunos de uma escola de ensino médio e técnico. Após o desenvolvimento da SD, as produções e falas dos estudantes foram analisadas com base nas competências e habilidades disponíveis nos documento curricular oficial de Ciências da Natureza e suas Tecnologias do Ensino Médio, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Os resultados demonstram que todos os registros expressaram, pelo menos, uma habilidade, algumas muito coerentes com a temática proposta, outras mais gerais, porém, todas com relação CTSA. Foram manifestadas habilidades principalmente relacionadas ao tema Fontes de Energia, e é possível relacionar as habilidades manifestadas através de abordagem CTSA da SD. A habilidade que apresentou o maior número de excertos relacionados foi a EM13CNT106, que estabelece relação entre a ciência e a tecnologia envolvendo geração, transporte, distribuição e consumo de energia elétrica, considerando as características locais e as implicações socioambientais. Dessa forma, uma sequência didática elaborada baseada a partir de CTSA, mesmo sem ter sido desenvolvida para atingir essas habilidades, desde que bem planejada, é capaz de expressar competências e habilidades nos alunos sem fugir do conteúdo da sala de aula.

Partindo de uma fundamentação teórica com viés sócio-histórico, descrevemos a força das ideias hegemônicas contidas na educação, na ciência e nas problemáticas ambientais. Analisamos a inserção da evolução biológica e da temática ambiental, e verificamos se há relações e aproximações entre esses conteúdos, por visualizarmos a possibilidade de se retroalimentarem no enfrentamento da crise ambiental e de conhecimento atuais. Os dados foram coletados através da análise documental dos projetos pedagógicos dos cursos das licenciaturas em Ciências Biológicas das Universidades Federais de Minas Gerais, apoiados pela metodologia de análise de conteúdo de Laurence Bardin. Os resultados indicam a inserção da evolução biológica majoritariamente restrita a um componente curricular científico, sem relação com a área pedagógica, caracterizando grupos de seres vivos estudados pela zoologia e botânica, e compondo tópicos da paleontologia e sistemática, isoladamente. A temática ambiental não se destaca nos currículos, prevalecendo a tendência conservadora quando presente. A relação sociedade-natureza e a crise socioambiental se apresentam em tópicos dos componentes curriculares dedicados à educação ambiental. O caráter político intrínseco da educação está praticamente ausente, bem como sua integralização com a realidade dos alunos e professores. Diante deste cenário, as relações estabelecidas pelos cursos entre os dois conteúdos são incipientes, demandando descrições pormenorizadas no ementário e/ou reestruturações curriculares que possam contribuir, dentro dos moldes da educação nacional crítica, com a emancipação cidadã, a alfabetização científica e a transformação da relação sociedade-natureza.

Partindo do princípio que a deficiência é uma característica natural, intrínseca à diversidade humana, e que o conceito de deficiência é construído socialmente, procuramos na história a compreender das concepções de deficiência que permeiam os discursos sociais e políticos na sociedade, às quais fundamentam a elaboração de leis e de políticas públicas para o grupo de pessoas que possuem tais características, pautadas no modelo metafísico, modelo médico e modelo social da deficiência. Reconhece-se que a deficiência é um conceito em constante transformação e não é linear, e embora ganhe força nos discursos dos pesquisadores, nas lutas dos movimentos sociais e nas leis do Estado, pode ainda estar presente nos discursos sociais concepções já superadas pelo conhecimento científico, influenciando as atitudes das pessoas para com o grupo. Desse modo, o modelo social preconiza, hoje, que a deficiência não deve ser vista como uma doença a ser normalizada para que, só assim, as pessoas com deficiências possam usufruir de direitos e deveres sociais, mas sim compreendida em relação às barreiras que a sociedade impõe para a participação social daqueles que se diferem do padrão aceito, gerando as desvantagens e a exclusão; compreende-se, assim, que as pessoas com deficiências devem estar, por direito, incluídas na sociedade. Quando se trata do direito fundamental à educação, a Educação Especial, campo do conhecimento responsável pela escolarização das pessoas com deficiências, assume caráter inclusivo quando preconiza que é direito de todos os alunos estarem juntos, frequentando a mesma escola, recebendo educação de qualidade, com oportunidades de aprendizagem equiparadas pela escola e pelos professores para que os alunos possam desenvolver suas habilidades e competências individuais. Dessa maneira, nenhum conteúdo escolar deve ser negligenciado aos alunos que, porventura, possuam alguma necessidade especial, como pode ser o caso dos alunos com deficiências. A inclusão é a realidade das políticas educacionais atuais, por isso, voltamos nosso olhar para o Ensino de Ciências Naturais e levantamos as seguintes questões problematizadoras: de que maneira os professores das salas regulares, que ensinam as disciplinas de Ciências, Biologia, Química e Física têm compreendido o processo de inclusão escolar dos alunos com deficiências? De que forma compreendem a deficiência e a inclusão? Que importância atribuem ao ensino desses conteúdos aos alunos com deficiências nas salas regulares? Desse modo, o presente estudo objetivou analisar quais as concepções desses professores, atuantes nas escolas públicas regulares da Microrregião de Itajubá, sobre o processo de inclusão dos alunos com deficiência. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de campo, de natureza qualitativa e exploratória e, por meio de um questionário semiestruturado, foram entrevistados 12 professores que lecionam as referidas disciplinas e que lecionam em classes que incluam alunos com deficiências. Os resultados obtidos nas entrevistas foram analisados a partir da Análise de Conteúdo, que apontou três eixos norteadores que guiaram as discussões dos temas emergentes nas falas dos professores. Assim, constatamos que os professores entrevistados ainda compreendem a deficiência enquanto incapacidade do indivíduo, característica do modelo médico de deficiência. Ainda, compreendem a inclusão enquanto integração, com a finalidade de socializar alunos com e sem deficiências. O ensino de Ciências Naturais, nesse contexto, assume caráter de nortear ações da vida diária, permeados pelo estigma da dificuldade de aprendizagem dos conteúdos pelos alunos com deficiências. Emerge-se, desse modo, o potencial da formação inicial e continuada que aborde o tema da inclusão escolar como indispensável para quebrar paradigmas sociais oriundos das crenças dos professores.

O tema sobre o qual trata este trabalho está relacionado a uma questão pouco explorada na pesquisa em ensino de ciências e que pode carregar relações com a formação inicial de professores, a saber, a questão do planejamento e da atuação dos docentes formadores nas disciplinas relacionadas ao ensino nos cursos de licenciatura. Notam-se com muita frequência, professores que lecionam no ensino superior trabalhando sozinhos e desvinculados do planejamento conjunto entre docentes da mesma área. Dessa forma, esta pesquisa tem por objetivo promover espaços de interação comunicativa entre docentes formadores que ministram as disciplinas de práticas de ensino como componente curricular a fim de planejarem e reelaborarem suas disciplinas em conjunto. A partir dos principais referenciais advindos da Teoria do Agir Comunicativo, de Jügen Habermas, foi possível delinear um cenário da racionalidade na formação da licenciatura em química no Brasil. Deu-se inicio a um Grupo de Planejamento Conjunto (GPC) com professores que ministram as disciplinas de práticas de ensino como componente curricular, visto que, todos os encontros foram gravados, transcritos e analisados sob o recurso metodológico de análise das interações intersubjetivas baseadas na Teoria do Agir Comunicativo, de Habermas. Foi possível elencar um conjunto de elementos do processo comunicativo e sistematizar características do trabalho em grupo. A partir das análises feitas foi possível entender como se deu o processo de interação entre os docentes e o levantamento de características dessas interações. Dessa forma, foi possível verificar que a participação dos professores no processo de constituição do grupo de planejamento conjunto sobre reestruturação da ementa das disciplinas de práticas de ensino como componente curricular possibilitou com que estes se envolvessem em processos de construções conjuntas, oportunizando um ambiente de comunicação. Além disso, as construções conjuntas realizadas neste grupo apontam para a defesa da formação de GPCs nas licenciaturas em química como formação do docente formador.

Diante dos avanços científicos e tecnológicos que vêm influenciando e mudando a vida das pessoas e a educação, em particular a Educação em Ciências, para que se possa atingir a Alfabetização Científica (AC) com os estudantes já na Educação Básica, é indispensável prepará-los para tomarem decisões e intervirem no meio em que vivem de forma ética, responsável e crítica tendo por base conceitos científicos compreendidos e problematizados. Assim, essa aproximação entre a AC e as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) merece ser refletida pela/na escola e pelas/nas investigações científicas, visto que implica diretamente no papel da Educação em Ciências na contemporaneidade. Nessa direção, esta pesquisa pretendeu identificar e analisar indícios de Alfabetização Científica em narrativas digitais (ND) de estudantes do Ensino Fundamental II após a realização de uma sequência didática (SD) fundamentada nos três eixos estruturantes da AC em um contexto mediatizado pelas TDIC. A pesquisa tem caráter qualitativo. O percurso metodológico se fez pela revisão sistemática de literatura a respeito do tema; pela realização de encontros com a professora da turma pesquisada; pela construção e aplicação, em conjunto com a professora, da SD com a utilização das TDIC e pelo acompanhamento da produção das ND dos alunos sobre o conteúdo. Para o tratamento e a análise dos dados, tomamos os fundamentos da Análise de Conteúdo, por meio de análise categorial. Como resultados do estudo é possível afirmar que a maioria dos alunos codificou termos e conhecimentos científicos sobre o tema abordado na SD, como prevê o primeiro eixo estruturante da A; além de representá-los por meio de diferentes linguagens através das TDIC. O segundo eixo, relacionado à natureza da ciência e aos fatores que influenciam em sua prática investigativa, e o terceiro eixo, que corresponde ao entendimento das relações existentes entre ciência, tecnologia, sociedade e meio ambiente, se mostraram menos evidentes nas ND, porém foram representados no processo de algumas narrativas. Tal fato pode ser reflexo de um ensino pautado nos conceitos e na teoria, bem como, devido ao pouco domínio dos alunos diante das TDIC e das ND. A prática pedagógica aplicada se mostrou interessante e motivadora, considerando-se o interesse e a motivação dos alunos. A análise dos dados ainda revelou indícios de que a AC desenvolvida com a mediatização das TDIC requer do docente e do educando a capacidade de relacionar saberes científicos, pedagógicos e tecnológicos. As ND, a partir das possibilidades identificadas na inclusão das TDIC no ensino, se mostraram recursos capazes de explicitar o conhecimento e concretizar o aprendizado, provocando nos alunos o sentimento de produção do próprio saber. Dessa forma, consideramos que a associação AC/TDIC, presente neste estudo, pode trazer para a Educação em Ciências uma alternativa de trabalho para alcançar a AC dos alunos a partir de uma metodologia voltada para o uso pedagógico das tecnologias digitais no ensino, tema tão discutido nos dias de hoje. Assim, por suas funções reflexivas e integradoras, as ND se mostraram eficazes para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico capaz de aliar criticidade e autoria dos alunos, de forma a contribuir para um ensino mais contextualizado e transformador.

O conceito de equação do primeiro grau se configura como um importante tópico dentre os conceitos da Álgebra trabalhados no ensino fundamental. Estudos apontam que os(as) estudantes apresentam dificuldades na aprendizagem deste, uma vez que ele, na maioria das vezes, representa uma ruptura na passagem da Aritmética para a Álgebra. Nesse sentido, entendemos a relevância de estudar novas possibilidades para o ensino e aprendizagem deste conceito, e a História da Matemática (HM) pode ser uma aliada nesse processo, pois é possível encontrar, na literatura, justificativas que defendem o uso da HM em aulas de Matemática. Neste contexto, realizamos uma investigação com o intuito de compreender as possibilidades e dificuldades da utilização da História da Matemática para o ensino e aprendizagem de equação do primeiro grau na educação básica. Para tanto, elaboramos um conjunto de atividades para abordar as equações do primeiro grau com um viés histórico, no qual foi destacado o método histórico da “Falsa Posição” e o da “Inversão”. Este conjunto de atividades, constituído de cinco etapas, foi implementado com alunos(as) do sétimo ano de uma escola estadual. Nesse momento, realizamos a coleta de dados, utilizando como instrumentos, registros dos(as) alunos(as) produzidos a partir das atividades propostas, gravações em áudio e registros de observações em diário de campo. Os dados coletados foram analisados tendo como referência quatro eixos de análises, elaborados com base na literatura. Os resultados indicam que os elementos relativos à HM contribuíram para a aprendizagem de matemática e sobre matemática, na medida em que trouxe contribuições para: a motivação de alguns estudantes para aprender matemática; a contextualização do conceito estudado; a aprendizagem de procedimentos de resolução de uma equação do primeiro grau e a uma mudança de percepção em relação à Matemática. Destacamos, entretanto, que enfrentamos também algumas dificuldades inerentes à pesquisa em sala de aula e identificamos, em consonância com a literatura, que a abordagem de aspectos da HM não motivou todos(as) os(as) estudantes. A realização da presente investigação evidenciou a possibilidade da utilização de métodos históricos para uma abordagem da equação do primeiro grau de modo a propiciar um maior entendimento do significado contido na resolução de uma equação do primeiro grau.

O presente trabalho “Concepções e práticas inclusivas de professores de ciências e matemática: um estudo no município de Itajubá” teve por objetivo conhecer as concepções que os professores possuem a respeito da inclusão e de que forma estas influenciam suas ações em sala de aula e, em especial, no Ensino de Ciências e Matemática. Ao compreender as suas concepções, mais próximo estaremos em entender sua prática no cotidiano escolar. Esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa. A coleta de dados foi feita por meio de questionário eletrônico e contou com a participação espontânea de 27 (vinte e sete) professores da rede municipal de ensino e que possuíam pelo menos um (01) aluno PAEE, além de entrevista semiestruturada realizada com 06 (seis) professores da classe regular e 02 (dois) professores do AEE. A análise dos resultados indicou que, de um modo geral, as dificuldades/ barreiras apontadas pelos professores participantes desta pesquisa não se diferem daquelas encontradas na literatura, tais como: falta de preparo profissional, parceria escola e família, ausência de uma equipe multidisciplinar, sala de aula com número excessivo de alunos, dentre outros. Compreendem que a inclusão de aluno PAEE no ensino regular é um direito garantido por lei e que vai muito além do oferecimento de vagas. Necessita oferecer um ensino de qualidade. Espera-se que este trabalhado possa promover discussões e reflexões para a construção de uma escola inclusiva, que acolha a todos e ofereça uma educação inclusiva de qualidade.

Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar como alunos de pós-graduação de um curso de Mestrado em Educação em Ciências selecionam e propõem, na elaboração de sequências didáticas (SD), o uso de textos de divulgação científica (TDC) da Minas faz Ciência, uma revista publicada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Nesse sentido, buscou-se compreender como os aspectos da alfabetização científica estão sendo articulados nessas propostas e como os pós-graduandos propõem o uso do TDC em seu planejamento de ensino. As SD foram elaboradas por pós-graduandos no contexto da disciplina Divulgação Científica, que é ofertada no Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências da Universidade Federal de Itajubá, Minas Gerais. As dezessete SD produzidas pelos pós-graduandos em 2015 e 2016 foram analisadas com base em referenciais teóricos relacionados às características da divulgação científica e aspectos da alfabetização científica. De acordo com os resultados, verificamos que a maioria dos TDC utilizados nas SD concentra-se na área de ciências biológicas e que o principal critério para a escolha dos TDC foi a presença de relação entre os conteúdos científicos apresentados nos TDC com o conteúdo escolar. A compreensão de conceitos científicos é um dos objetivos mais citados em tais SD. Dentre as estratégias didáticas propostas nas SD destacam-se a leitura dos TDC e discussões em sala de aula. Com relação à presença dos eixos de alfabetização científica, observamos que as SD propostas têm potencial para o desenvolvimento da AC dos estudantes, mesmo que esse objetivo não esteja centrado no plano didático. O eixo estruturante da Alfabetização Científica mais adotado pelos alunos de pós-graduação foi o de “entendimento das relações existentes entre ciência, tecnologia, sociedade e meio-ambiente”, presente em aproximadamente 65% das SD. Concluímos que, ao planejarem as SD com o uso dos TDC, os pós-graduandos trazem elementos capazes de promover a alfabetização científica em sala de aula.

Este trabalho é resultado de uma pesquisa, de caráter qualitativo e exploratório, que objetivou identificar a compreensão dos professores de Ciências de 6° ao 9° ano, em três escolas estaduais acerca da relação da temática de Educação em Direitos Humanos e Educação em Ciências. Para que isso fosse possível, esse estudo se norteou em referenciais teóricos para aprofundar os conhecimentos a respeito de Educação em Direitos Humanos, Educação em Ciências e Currículo. A estratégia de coleta de dados utilizada foi a entrevista para conhecer as suas práticas, analisadas pela análise de conteúdo de Bardin, além da leitura de documentos curriculares, como a Base Nacional Comum Curricular e os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais e Temas Transversais para verificar a existência de elementos de Educação em Direitos Humanos nos mesmos. Ao final do processo de análise a pesquisa apresentou como resultado que os professores apresentam concepções superficiais sobre o tema, embora, de acordo com os relatos, dão exemplos em suas falas que nas práticas em sala de aula há a conexão entre o assunto e seus conteúdos e que não tiveram essa temática em suas formações. Considera-se a importância de se trabalhar a Educação em Ciências partindo da contextualização para que se torne um conjunto de conhecimentos acessível e de interesse dos alunos e a Educação em Direitos Humanos se torne grande aliada no processo de ensino-aprendizagem, desenvolvendo, assim, uma educação que humaniza e auxilia o aluno a ser um sujeito de direitos. Para isso, os cursos de formação de docentes tem papel fundamental.

Esta pesquisa possui como foco o docente, tendo como objetivo geral caracterizar e compreender a percepção de professores das disciplinas de Biologia, Física, Química e Matemática acerca da utilização das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, em específico, os Dispositivos Móveis, em escolas de duas cidades do sul de Minas Gerais. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa com viés descritivo. O quadro teórico foi constituído pelo conceito de dispositivo móvel; sociedade em rede; tecnologias móveis no contexto educacional; informação e comunicação; ensino; políticas públicas de tecnologias educacionais; letramento digital. O corpus da pesquisa foi analisado a partir dos dados coletados em entrevistas semiestruturadas, gravadas e transcritas com professores do ensino médio de uma escola estadual e de uma escola privada do Sul de Minas Gerais. Para análise, optou-se pela análise de conteúdo de Bardin (1977), com a criação de agrupamentos que, posteriormente, levaram à elaboração de categorias emergentes. Complementarmente, foi analisado o Plano Político Pedagógico das escolas a fim de identificar a indicação, ou não, do uso dos dispositivos móveis. Esta pesquisa visualiza o professor como peça central na incorporação dos dispositivos móveis no contexto educacional, capaz de provocar transformações na gestão do ensino. Nesse sentido, considerou-se que a formação docente e a gestão escolar são eixos norteadores para a adesão dos processos de incorporação dos dispositivos móveis na prática pedagógica. Dessa forma, tal pesquisa indica caminhos para continuidade de investigações e aprofundamentos que venham a contribuir, de forma crítica, para o papel da aprendizagem com dispositivos móveis na formação do sujeito.

São muitas as pesquisas que relatam os problemas relacionados ao ensino de conteúdos de Astronomia na educação básica. Em razão desse cenário, surgem enquanto possibilidade, ações de formação continuada voltadas à abordagem da Astronomia para atenuar as lacunas formativas dos professores. Visando contribuir com a formação dos professores para o ensino de Astronomia, esta pesquisa teve como objetivo geral caracterizar o ensino de Astronomia em escolas rurais do município de Brazópolis-MG que oferecem o ensino fundamental II e analisar os potencias para a formação continuada de professores de um curso prático voltado ao ensino de Astronomia. O estudo é de natureza qualitativa e para a coleta de dados fez uso de técnicas de Grupo Focal (GF), aplicação de questionários e gravações em áudio dos discursos dos professores durante as etapas de realização da pesquisa. A análise dos dados coletados aponta que se tratando de conteúdos de Astronomia os professores apresentam muitas dificuldades em virtude de uma formação inicial deficiente dos conteúdos de Astronomia e pela pouca oferta de cursos de formação continuada na área que se adequem a realidade e a disponibilidade dos professores que atuam em escolas rurais. Além disso, mostrou a existência de concepções alternativas especificamente relacionadas a saberes populares típicos da vida rural. A proposta de um curso de formação continuada com enfoque prático se mostrou um importante método para que os professores entendessem os conceitos e fizessem as relações corretas dos fenômenos astronômicos estudados. As atividades do curso proporcionaram momentos de construção coletiva de significados, de compartilhamento de ideias, dúvidas e também de aprendizagens, além de ser um importante aliado para minimizar as dificuldades e disseminar novos recursos e metodologias que os professores podem utilizar para auxiliar e potencializar suas práticas docentes em relação ao ensino de Astronomia.

Nesta pesquisa, investigou-se, a partir da elaboração e aplicação de uma sequência didática, a influência do discurso docente na compreensão dos alunos acerca de conceitos que abordam a natureza da ciência, tendo como fundamento as vertentes da abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade. Realizando uma reflexão a respeito do processo de formação da presente pesquisadora/docente, identificou-se a necessidade de compreender se discurso docente embasado no enfoque CTS viabiliza a compreensão dos alunos acerca dos conceitos abordados. Como metodologia, delimitamos a pesquisa como um estudo de caso de forma a caracterizar o contexto que leva em consideração as formações ideológicas e profissionais da docente. A investigação foi realizada em um colégio particular localizado em uma cidade do interior de São Paulo, região do Vale do Paraíba, que se constitui o local de trabalho da pesquisadora/docente. Os instrumentos utilizados para a constituição dos dados são: as transcrições das gravações dos encontros realizadas durante a aplicação da sequência didática, os registros escritos sob a forma de um diário de bordo feito pela docente, e um questionário respondido pelos alunos ao final da investigação. Os resultados mostraram que um discurso docente que utiliza do enfoque CTS possui um discurso polêmico capaz de estabelecer uma instância de interlocução mantida por um jogo ideológico entre alunos-alunos e alunos- professor e que é preciso em alguns momentos um discurso autoritário de forma a representar a autoridade em sala de aula a concluir e definir conceitos que foram discutidos. Dessa forma, os alunos apresentaram compreensões presentes nas categorias: a compreensão de que a Ciência é uma construção social provida de valores; a compreensão da importância da participação da sociedade para a tomada de decisões científicas e tecnológicas e a compreensão de algumas relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade.