PROFESSORAS APOSENTADAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: PERCEPÇÕES SOBRE O ENVELHECIMENTO FEMININO
Envelhecimento Feminino. Educação Básica. Trabalho. Saúde. Desenvolvimento.
O presente estudo investiga a percepção do envelhecimento feminino por professoras idosas aposentadas na Educação Básica, sob a ótica da feminização do longeviver e dos recortes patriarcais e neoliberais. Esses recortes condicionam o valor social da mulher à sua habilidade de performar juventude, padrões de beleza e capacidade de cuidado. A literatura científica indica que o trabalho docente, frequentemente observado como uma extensão das funções sociais femininas, impõe sobrecarga, estresse e desgaste físico e mental às professoras, consequências que se estendem ao longo da vida e influenciam o processo do envelhecer. Nesse contexto, o objetivo central da pesquisa é analisar as percepções de professoras aposentadas na Educação Básica, considerando os impactos provenientes do trabalho e das dimensões socioculturais e de saúde. A metodologia utilizada foi o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), construído a partir de entrevistas semiestruturadas com as professoras, a fim de identificar percepções, crenças e representações coletivas sobre o tema. Os resultados preliminares sugerem que, embora a docência envolva sentimentos de realização pessoal e identificação com a atuação, é também marcada por desgastes físicos e emocionais, que são agravados pela desvalorização social e financeira da profissão, bem como pela dupla jornada de trabalho. A aposentadoria, embora possa ser um momento de luto e de transformação da identidade profissional, configura-se também como um processo de redescoberta e abertura às novas experiências. As conclusões parciais indicam que o contexto do trabalho docente é um fator central na vivência dessas professoras, impactando diretamente na percepção pessoal do longeviver e reforçando a importância de considerar as estruturas de gênero e demais interseccionalidades para pensar a análise e a qualidade de vida no envelhecer feminino.