Projeto e análise de viabilidade econômica do pré-tratamento de casca de café para produção de briquetes e aplicação em bioenergia
Biocombustível sólido; Biomassa; Conversão termoquímica; Potencial energético; Resíduos agroindustriais; Secagem
O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, gera quantidades substanciais de casca de café, principal resíduo do processamento via úmida. Pesquisas recentes demonstram seu potencial energético. Entretanto, a alta umidade, baixa densidade e tamanho irregular das partículas requerem o pré-tratamento para conversão termoquímica eficiente. Este estudo teve como objetivo projetar e realizar a análise econômica de uma planta de pré-tratamento de cascas de café, incluindo etapas de secagem, cominuição e briquetagem. Experimentos laboratoriais de cinética de secagem foram conduzidos para estimar o tempo para o projeto do secador. Analisou-se também a viabilidade econômica da planta de bioenergia, ou seja, o pré-tratamento associado à combustão dos briquetes para geração de energia elétrica. Análises de sensibilidade das variáveis de projeto e econômicas foram realizadas, com foco na influência das condições operacionais de secagem. Avaliaram-se o Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), payback simples (P) e descontado (Pd). Foram calculados o Custo Nivelado de Produção por Massa de Briquete (LCM) para a planta de pré-tratamento, e o Custo Nivelado de Eletricidade (LCOE) para a planta de bioenergia. Os resultados demonstraram que a comercialização dos briquetes foi viável, com VPLna faixa de US$ 1,42 a US$ 3,58 milhões, TIR de 38,87% a 52,33%, payback simples de 1,88 a 2,48 anos e descontado de 2,23 a 3,04 anos. O menor LCM (US$ 0,11 kg−1) ocorreu a partir de valores mais altos de temperatura do ar de secagem (120 ºC), altura do leito (4 cm) e vazão de biomassa (1500 kg h−1), podendo ser mais econômico que a lenha. Contudo, a planta de bioenergia foi inviável, com VPL médio de − US$ 7,92 milhões, principalmente devido ao alto investimento da tecnologia de combustão (63,7% do investimento total) e altos custos de secagem (56,8% dos custos operacionais). O menor LCOE (US$ 198,58 MWh−1) foi alcançado na maior temperatura do ar no cenário otimista (Cun = US$ 2000 kW−1), mas acima da tarifa base (US$ 67,32 MWh−1). A temperatura do ar, seguida da altura do leito, foram as variáveis de secagem com maior influência na economia da planta de bioenergia, enquanto a velocidade do ar mostrou-se inelástica. A produção de eletricidade a partir da combustão da casca de café, gerada por via úmida, ainda exige incentivos para atingir a maturidade econômica.